Por Danilo Lysei e Laura Abreu

Os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 começaram com uma imensa responsabilidade social: o de serem históricos. Não só por serem realizados em um cenário sanitário, político e econômico extremamente sensível, incerto e desfavorável. Mas também pelo fato de o evento mundial ter de unir 162 nações na maior competição esportiva para pessoas com deficiência (PCD), seguindo inúmeros protocolos de segurança, e ser acompanhado por mais de 7,6 bilhões espectadores, pela primeira vez, integralmente online.

Assim o fizeram.

Mas mais do que isso, as paralimpíadas de verão no Japão (um ano mais tarde de sua data original) cumpriram com outro papel: o de trazer esperança! Um sentimento abstrato tão palpável, que nos preencheu durante duas semanas, ao acompanhar paratletas baterem metas esportivas, estrearem e ultrapassarem marcas dentro das quadras, pistas e piscinas, além de quebrar recordes atrás de recordes. Foi na 16ª edição dos jogos paralímpicos, que acompanhamos também o país voltar a atenção para o atleta paralímpico, vê-lo performar física e mentalmente, vibrar com os seus pódios e chorar em suas perdas, como talvez nunca vista antes.

A edição já começou histórica para o Brasil antes mesmo de embarcar para o outro lado do globo. O país contou com 234 atletas, sendo a  5º maior delegação dos jogos e a maior delegação do Brasil em paralímpiadas no exterior. Com um trabalho anticapacitista e mais inclusivo, nosso país também deu o seu primeiro passo em uma cobertura representativa, ao convidar veteranos(as) paralímpicos como comentaristas das provas, mesmo que ainda insuficiente.

Em seu melhor desempenho da história, o país alcançou a marca de 72 medalhas conquistadas. Um recorde! Equiparando assim a quantidades de vezes que subiu ao pódio na Rio 2016. Foi em Tóquio 2021 também que nossa potência paradesportiva chegou a sua 100ª medalha de ouro após o medalhista sul-mato-grossense Yeltsin levar os brasileiros às lágrimas completando a volta dos 1500m T11, naquela noite de segunda-feira.

Yeltsin Jacques corre com seu guia nas qualificatórias dos 1500m no Tokyo Olimpic Stadium

o sul-mato-grossense Yeltsin Jacques levou 2 medalhas de ouro nas pistas de atletismo e correu meia maratona de 42km no Japão. Foto: Miriam Jeske/CPB.

Foi também na noite deste domingo (05), manhã nas terras asiáticas, que o Brasil chegou a superar o número de medalhas de ouro conquistadas em uma única edição paralímpica: 22 medalhas douradas. Uma marca inesquecível. Junto ao topo do pódio, foram também 20 pratas e 30 bronzes neste ano, colocando assim o Brasil na 7ª colocação no ranking geral.

As modalidades que mais trouxeram medalhas para o país foram: o Atletismo com 28 (8 ouros, 9 pratas e 11 bronzes); a Natação com 23 (8 ouros, 5 pratas e 11 bronzes); a Canoagem com 3 (1 ouro e 2 pratas); o Taekwondo com 3 (uma de cada); o Judô com 3 (1 ouro e dois bronzes); e o Tênis de Mesa com 3 (1 prata e dois bronzes).

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Medalhas carimbadas na história

Cada medalha conquistada pelos atletas entra para a história do Brasil nos jogos paralímpicos. Contudo, nesta edição, algumas delas vieram com um gostinho a mais de emoção, como o ouro de Mariana D’ Andrea que foi o 1º do Brasil no halterofilismo, a 1ª medalha de ouro da natação feminina após 17 anos da Carol Santiago e a medalha que consagrou a equipe Brasil do futebol de 5 como pentacampeão.

Outro destaque é para o desempenho dos atletas do parataekwondo que tiveram 100% de aproveitamento e conquistaram uma medalha de cada cor!

Como se não bastasse o rendimento incrível, atletas ainda quebraram alguns recordes nas provas. Para citar alguns, Gabriel Bandeira no 100m nado borboleta masculino com o tempo 54.76, Petrucio Ferreira fazendo o tempo 10.53 nos 100m rasos e Beth Gomes quebrando dois recordes na prova do lançamento de disco (17.33m e 17.62m).

Foto da Beth após o lançamento de disco. Ela chora emocionada.

Beth Gomes faz história quebrando dois recordes, ficando super emocionada com a medalha, e nós também! Foto: Wander Roberto/CPB

Enquanto uns conquistaram a primeira medalha paralímpica, como o Alex Pires, Jardênia Félix, Vinicius Rodrigues e Ricardo Gomes, outros estiveram pela última vez no pódio: Daniel Dias se despediu das piscinas com três bronzes, rumo ao Comitê Internacional de Atletas Paralímpicos.

Daniel Dias é o maior medalhista paralímpico do Brasil com 27 medalhas. Foto: Rogério Capela / CPB

Todos(as) os(as) atletas da delegação foram protagonistas e responsáveis por trilhar a história fantástica do Brasil em mais uma edição dos jogos paralímpicos. Agora, por fim, com as malas prontas (e bagagem PESADA) nossos paratletas se despedem de Tóquio 2020 rumo à Paris 2024.

Confira a lista das 72 medalhas conquistadas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020

  • 72ª. Maratona masculina T46 – 42km: Alex Pires (bronze)
  • 71ª. Parataekwondo feminino -58kg K44: Débora Menezes (prata)
  • 70ª. Atletismo masculino 400m rasos T47: Petrucio Ferreira (bronze)
  • 69ª. Atletismo masculino 400m rasos T47: Thomaz Moraes (prata)
  • 68ª. Atletismo feminino 200m rasos T11: Jeruza dos Santos (bronze)
  • 67ª. Atletismo feminino 200m rasos T11: Thalita Simplício (prata)
  • 66ª. Vôlei sentado feminino: Adria Jesus, Ana Luísa, Bruna Lima, Camila de Castro, Edwarda de Oliveira, Gizele Maria, Jani Freitas, Laiana Batista, Luíza Fiorese, Nathalie Filomena, Nurya de Almeida e Pâmela Pereira (bronze)
  • 65ª. Futebol de 5 masculino: Cássio Lopes, Damião Robson, Gledson da Paixão, Jardiel Vieira, Jeferson da Conceição, Luan de Lacerda, Matheus da Costa, Raimundo Nonato, Ricardo Steinmetz e Tiago da Silva (ouro)
  • 64ª. Canoagem masculina VL3: Giovane Vieira (prata)
  • 63º Canoagem masculina VL2 200m: Fernando Rufino (ouro)
  • 62ª. Atletismo masculino 200m rasos T37: Ricardo Gomes (bronze)
  • 61ª. Arremesso de Peso masculino F57: Marco Aurélio (prata)
  • 60ª. Arremesso de Peso masculino F57: Thiago Paulino (bronze)
  • 59ª. Parataekwondo feminino até 58kg K44: Silvana Fernandes (bronze)
  • 58ª. Natação masculina 100m borboleta S11: Wendell Belarmino (bronze)
  • 57ª. Goalball: Alex de Melo, Emerson Ernesto, José Roberto, Josemarcio Parazinho, Leomon Moreno e Romário Marques (ouro)
  • 56ª. Lançamento de Disco F37: João Vitor Teixeira (bronze)
  • 55ª. Canoagem masculina KL1 200m: Luis Carlos Cardoso (prata)
  • 54ª. Parataekwondo masculino até 61kg K44: Nathan Torquato (ouro)
  • 53ª. Natação masculina 50m costas: Gabriel Araujo (ouro)
  • 52ª. Natação masculina 400m livre: Talisson Glock(ouro)
  • 51ª. Lançamento de Disco masculino F11: Alessandro Rodrigo (ouro)
  • 50ª. Salto em distância masculino T37: Mateus Evangelista (bronze)
  • 49ª. Arremesso de Peso feminino F35 : Marivana Oliveira
  • 48ª. Tênis de Mesa feminina por equipe: Bruna Alexandre, Jennyfer Parinos e Danielle Rauen (bronze)
  • 47ª. Natação feminina 100m peito SB12: Carol Santiago (ouro)
  • 46ª. Natação feminina 50m livre S8: Cecília Araújo (prata)
  • 45ª. Natação masculina 100m livre S6: Talisson Glock (bronze)
  • 44ª. Bocha masculina classe BC1: Carlos Chagas (bronze)
  • 43ª. Bocha masculina classe BC2: Maciel Santos (bronze)
  • 42ª. Atletismo feminino 400m rasos T20: Jardênia Félix (bronze)
  • 41ª. Natação revezamento 4x100m: Wendell Belarmino, Douglas Matera, Lucileine Sousa e Carol Santiago (prata)
  • 40ª. Natação feminina 100m livre classe S9: Mariana Gesteira (bronze)
  • 39ª. Natação masculina 200m medley SM14: Gabriel Bandeira (prata)
  • 38ª. Natação feminina 100m livre S12: Carol Santiago (ouro)
  • 37ª. Lançamento de Dardo feminino T56: Raissa Rocha Machado (prata)
  • 36ª. Atletismo masculino 1500m rasos T11: Yeltsin Jacques (ouro)
  • 35ª. Lançamento de Disco feminino F52: Beth Gomes (ouro)
  • 34ª. Arremesso de Peso masculino F11: Alessandro Rodrigo (prata)
  • 33ª. Atletismo masculino 100m rasos T63: Vinicius Rodrigues (prata)
  • 32ª. Tênis de Mesa feminina individual classe 10: Bruna Alexandre (prata)
  • 31ª. Lançamento de Disco masculio F56: Claudiney dos Santos (ouro)
  • 30ª. Natação masculina 200m livre S2: Gabriel Araújo (ouro)
  • 29ª. Judô feminino acima de 70kg B3: Meg Emmerich (bronze)
  • 28ª. Natação feminina 50m livre S13: Carol Santiago (ouro)
  • 27ª. Natação feminina 100m peito SB14: Beatriz Carneiro (bronze)
  • 26ª. Judô feminino até 70kg B3: Alana Maldonado (ouro)
  • 25ª. Halterofilismo feminino até 73kg: Mariana D’Andrea (ouro)
  • 24ª. Remo masculino PR1: Renê Pereira (bronze)
  • 23ª. Lançamento de Dardo masculino F57: Cícero Nobre (bronze)
  • 22ª. Natação revezamento 4x100m livre S14: Gabriel Bandeira, Ana Soares, Débora Carneiro e Felipe Caltran (bronze)
  • 21ª. Judô feminino até 57kg B3: Lúcia Araújo (bronze)
  • 20ª. Tênis de Mesa feminina individual classe 2: Cátia Oliveira (bronze)
  • 19ª. Lançamento de Disco feminino F57: Julyana Cristina (bronze)
  • 18ª. Atletismo feminino 400m T11: Thalita Simplicio (prata)
  • 17ª. Arremesso de Peso masculino F37: João Victor Teixeira (bronze)
  • 16ª. Arremesso de Peso masculino F55: Wallace Santos (ouro)
  • 15ª. Atletismo masculino 100m rasos T47: Washinton Santiago Junior (bronze)
  • 14ª. Atletismo masculino 100m rasos T47: Petrúcio Ferreira (ouro)
  • 13ª. Natação masculina 50m livres S11: Wendell Berlamino (ouro)
  • 12ª. Natação masculina 200m livres S14: Gabriel Bandeira (prata)
  • 11ª. Natação feminina 100m costas S12: Carol Santiago (bronze)
  • 10ª. Salto em distância T11: Silvânia Costa (ouro)
  • 9ª. Atletismo masculino 5.000M T11: Yeltsin Jacques (ouro)
  • 8ª. Hipismo masculino classe 4: Rodolpho Riskalla (prata)
  • 7ª.Natação revezamento 4x50m livres: Daniel Dias, Joana Neves, Patrícia Ferreira e Talisson Glock (bronze)
  • 6ª. Esgrima em Cadeira de Rodas: Jovane Guissone (prata)
  • 5ª. Natação masculina 100m livres S5: Daniel Dias (bronze)
  • 4ª. Natação masculina 200m nado livre S5: Daniel Dias (bronze)
  • 3ª.Natação masculina 50m livres S10: Phelipe Rodrigues (bronze)
  • 2ª. Natação masculina 100m nado borboleta S14: Gabriel Bandeira (ouro)
  • 1ª. Natação masculina 100m costas S2: Gabriel Araújo (prata)