Sim. O Jornalismo é uma das ferramentas e linguagens que utilizamos para levantar temas e debates, fortalecendo narrativas que não tem visibilidade nos meios convencionais de comunicação.
Não. Defendemos abertamente a parcialidade enquanto um princípio de nosso trabalho, por acreditar que nenhuma construção humana é capaz de ser imparcial, já que resulta da soma e do acúmulo de todas as suas experiências anteriores e de nossas visões de mundo.
O Jornalismo – assim como a ciência – apoiaram-se historicamente na noção de imparcialidade como forma de ter credibilidade e legitimidade. Contudo, com uma nova lógica de troca de conteúdo e com novas possibilidades de audiência, mais do que buscar uma única “verdade” para os fatos, temos hoje uma multiplicidade de leituras e possibilidades, e isso é o que qualifica atualmente o conteúdo e é a base da troca de informação e credibilidade.
Valorizamos a multiplicidade de parcialidades e buscamos alinhar a informação com um conjunto de valores e direitos sociais, com os quais temos compromisso e que para nós são fundamentais. Nossas pautas são nossas causas. Acreditamos no movimento e na transformação social, a partir de uma experiência radical de mídia livre e distribuída, a serviço de uma nova narrativa social, mais comunitária e mais afetiva.
Uma das possibilidades mais interessantes do processo de comunicação ativista é a possibilidade de ruptura com o falso mito da imparcialidade do Jornalismo Corporativo. Nesse contexto, o cidadão que se vê como um veículo ou faz parte de uma rede de midialivrismo não está em um protesto apenas para fazer o registro. Ele é um corpo da multidão e a comunicação é uma das formas de mobilizar e organizar.
A Mídia NINJA é fruto do investimento do trabalho de seus colaboradores, e conta com a estrutura e força de trabalho da rede Fora do Eixo para realizar suas atividades, além de organizações internacionais que se interessam em custear a formação de novos agentes de comunicação e a produção de conteúdos ligados às questões socioambientais e culturais. Temos autonomia dos poderes econômicos e políticos, que não determinam nossa linha editorial nem os conteúdos que queremos comunicar.
Não existe financiamento ou alinhamento automático com nenhum partido político, apesar de prezarmos pelo diálogo suprapartidário com todos parlamentares que defendam conquistas e políticas públicas em prol do bem comum. Entendemos que a organização política partidária é ainda fundamental para as transformações sociais no Brasil, portanto não criminalizamos os partidos políticos e quem decide construí-los.
Temos compromisso com a luta por direitos, e a certeza que o diálogo e a construção coletiva são primordiais para sua conquista. Nossas causas são nossas pautas.
Não. Os veículos de comunicação corporativos sobrevivem às custas de altos investimentos públicos, tanto em publicidade quanto com crédito, financiamento, e renegociações de dívidas tributárias. Por outro lado, inexistem políticas públicas que – de forma transparente – democratizem os investimentos de comunicação aos veículos independentes e mesmo os próprios veículos públicos de comunicação, que operam de forma precária.
Defendemos maior investimento público em novas mídias e novos veículos por meio de editais abertos e transparentes. Este é um dos desafios políticos fundamentais para a efetiva democratização da comunicação no Brasil e no Mundo.
O Fora do Eixo é uma rede que desenvolve uma série de articulações e produções no campo da cultura e da mídia livre há 10 anos. O FdE foi o que possibilitou o embrião da Mídia NINJA, determinante e fundamental para o desenvolvimento da rede, servindo como incubador do seu processo, além de continuar sendo a principal responsável por oferecer a estrutura e a condição de trabalho para parte dos midiativistas e jornalistas NINJAs espalhados por todo Brasil.
A autoria coletiva é uma escolha individual, cada participante da NINJA, colaborador e criador de conteúdo tem a liberdade de escolher como quer apresentar e assinar seu trabalho, de forma coletiva ou individual, assinando seu nome.
Acreditamos, entretanto, que nenhuma produção de imagem, vídeo ou qualquer outro conteúdo é fruto da criação de somente um indivíduo. Ela está ligada a um processo muito mais amplo que vai desde a concepção coletiva de uma peça até a difusão final de seus resultados por dezenas de pessoas.
Na fotografia, por exemplo, não é possível limitar a ideia de autor ou criador de uma imagem simplesmente àquele que apertou o botão do clique, já que existe um debate anterior sobre a pauta, uma estrutura de suporte para o fotógrafo estar no lugar certo na hora certa, o tratamento, a edição, a postagem e difusão nas redes sociais. Todos os processos são igualmente importantes para que a fotografia se concretize enquanto peça estética e comucacional, e envolvem dezenas de pessoas.
Assim, uma boa parte dos realizadores envolvidos na Rede NINJA optam apenas pela assinatura coletiva Mídia NINJA, mas respeitamos a vontade de colaboradores de manter a autoria individual, e nestes casos damos registros autorais quando solicitados.
As grandes corporações de mídia vivem uma intensa crise. Esse momento pode ser entendido em dois aspectos principais: no âmbito econômico, de um modelo pautado pela venda de anúncios e a circulação física de publicações que não conseguem se adaptar aos novos tempos digitais, e de credibilidade, por anos e anos de omissão e manipulação de informações em prol do poder econômico e de grupos políticos de seu interesse.
A velha mídia está amarrada a uma linguagem e a um padrão de qualidade que são paradigmas do jornalismo comercial, com pouca abertura para experimentação e adaptação às novas formas de produção e interação com a informação permitidas pela explosão das redes sociais.
O futuro é agora. Crescemos enquanto rede e veículo e entendemos o tamanho da grande responsabilidade que recai sobre nós. Desde o desafio da formação de novos comunicadores nas periferias à produção de conteúdos cada vez mais aprofundados. É tarefa nossa fortalecer o movimento midiativista e empoderar centenas de pontos da rede, pra que estas sustentem as causas e interesses das comunidades e as suas histórias possam ser contadas de diferentes maneiras.
Temos nos dedicado a projetos de aprofundamento de pautas, como a causa indígena, questões de moradia, da mineração, da democratização da comunicação, da segurança pública, da garantia da liberdade na internet e a luta contra o genocídio da população negra e pobre nas periferias, entre tantas outras.
Acreditamos na colaboração e cooperação como princípios básicos para criação de novas formas de sociabilidade na sociedade contemporânea. Além disso, entendemos que neste novo contexto global, a descentralização e a democratização da comunicação são fundamentais para dar conta dos desafios de consciência dos cidadãos do mundo. Defendemos e acreditamos que é fundamental o surgimento e o desenvolvimento das mídias independentes e buscamos fomentar essa perspectiva a partir de nossas ações. Apenas com a união e colaboração entre as mídias independentes é que poderemos apresentar novas alternativas de jornalismo e comunicação e fazer contraponto a uma midia tradicional altamente verticalizada pelos interesses econômicos e politicos estabelecidos. Sendo assim, colocamos este portal a disposição de coletivos e veículos midiativistas para divulgação de seus conteúdos e trocas de experiências. Vida longa ao midialivrismo!
A Experiência da Mídia NINJA causou um grande abalo e trouxe novos enfoques ao debate de comunicação no Brasil. O que garantiu essa potência foi uma soma de fatores: mais de uma década de acúmulo das reflexões e práticas de Mídia Livre, o surgimento constante de novas tecnologias que barateiam e democratizam o acesso a produção e a distribuição de conteúdo, uma crise no sistema de comunicação que entende a informação como Comodity e, principalmente, a existência de uma arquitetura de rede, construída a partir da experiência do Fora Do Eixo, que foi capaz de difundir com muita eficiência o conteúdo produzido pela Mídia NINJA.
No contexto das Jornadas de Junho, no qual assistimos a um salto de consciência política do País, o registro e a transmissão dos protestos feita de dentro e com múltiplos pontos de vista, apresentou um material que ao mesmo tempo ganhava muita credibilidade e era viralizado pelo público, que não se via representado pela cobertura da velha mídia. Esse quadro, instigava os veículos tradicionais a tratarem o próprio projeto da Mídia NINJA como notícia.
Todo esse arranjo gerou ampla visibilidade e ajudou a mudar as ideias de comunicação, a partir de um exemplo prático de cobertura independente feita em rede.
Existe um processo de mais de uma década de construções, no qual iniciativas como o CMI (Centro de Mídia Independente), o Intervozes, o Fórum de Midia Livre, o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação ou até mesmo as experiências de Rádios Livres e Comunitárias se formaram, se consolidaram e inspiraram a geração que concebeu a Mídia NINJA e outras iniciativas mais recentes.
Para nós, a grande novidade está na visualização que é possível se fazer, hoje, da soma dessas iniciativas que ganham força e legitimidade para se apresentar como a nova grande mídia. Trata-se de uma ecologia de produção de conteúdos que tem capacidade de incidir diretamente nas disputas de imaginário contemporâneas e colaborar com a obtenção de conquistas públicas da sociedade. Em razão disso, compreendemos que muitas vezes estamos na contramão dos interesses dos veículos que fazem parte do sistema de comunicação corporativo no Brasil, faz parte da disputa, e a Mídia NINJA escolheu um lado.