Objetivo do encontro da Unasul é retomar o diálogo entre os países sul-americanos, que ficou estagnado nos últimos anos

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumirá o papel de anfitrião ao receber um encontro de líderes sul-americanos no Palácio do Itamaraty, em Brasília, nesta terça-feira (30). Confirmaram presença os presidentes da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Suriname, Uruguai e Venezuela. Nicolas Maduro, da Venezula, chegou ao Brasil e foi recebido por Lula no Palácio do Planalto.

A única ausência presidencial será a da presidente do Peru, Dina Boluarte, devido a impedimentos legais internos em seu país. O Peru tem enfrentado uma grave crise política desde a destituição do ex-presidente Pedro Castillo no final do ano passado. Em seu lugar, estará presente Alberto Otárola, presidente do conselho de ministros do Peru, uma figura semelhante a um primeiro-ministro. A Guiana Francesa não participará do encontro por ser um território ultramarino da França.

O governo já havia anunciado a realização dessa reunião no início do mês, marcando um evento de grande importância que não ocorria há pelo menos sete anos. O principal objetivo do encontro é retomar o diálogo entre os países sul-americanos, que ficou estagnado nos últimos anos, por uma política negacionista do Ministério das Relações Exteriores, sendo uma prioridade para o governo de Lula mudar o rumo dessas relações.

A embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe do Ministério das Relações Exteriores (MRE), explicou que embora haja diferenças de visão e ideológicas entre os países, Lula busca reativar o diálogo com base em pontos comuns.

Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Unasul

A União das Nações Sul-Americanas (Unasul), criada durante o segundo mandato do presidente Lula em 2008, foi se desintegrando ao longo do tempo devido a mudanças de governos em diversos países. Atualmente, a Unasul conta apenas com sete países: Venezuela, Bolívia, Guiana, Suriname, Peru, Argentina e Brasil, que recentemente retornou ao grupo. O Brasil também voltou a integrar a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) este ano, embora esse bloco seja mais amplo do que as fronteiras sul-americanas.

A embaixadora ressaltou a importância de reunir novamente toda a região com seus países em meio à fragmentação que ocorreu nos últimos anos. Ela destacou que questões como saúde, mudanças climáticas, alta inflação e preço dos alimentos, bem como o retorno da pobreza e da fome, tornam ainda mais relevante uma ação coordenada entre os países sul-americanos.

A metodologia da reunião prevê, em primeiro lugar, identificar os pontos em comum a partir das posições dos presidentes, além de conduzir uma agenda que possa ser iniciada rapidamente. Essa agenda inclui o combate ao crime organizado, projetos de infraestrutura, meio ambiente e mudanças climáticas, entre outros temas. Por essa razão, o formato da cúpula será o menos formal possível.

O convite enviado aos países vizinhos menciona a ideia de um “retiro” de presidentes para aprofundar o diálogo. O encontro será dividido em duas sessões. Na manhã de terça-feira, cada chefe de Estado fará um pronunciamento com um tema livre, seguido de um almoço. À tarde, eles retomarão a conversa em um diálogo informal, em uma sessão de trabalho mais descontraída, conforme descrito pela embaixadora.

Os presidentes que permanecerem em Brasília, na noite de terça-feira, participarão de um jantar oferecido por Lula no Palácio da Alvorada, sua residência oficial. Não está prevista nenhuma declaração ao final do encontro, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores.

Ainda não foram confirmadas as reuniões bilaterais prováveis que o presidente Lula terá com alguns dos líderes presentes na cúpula, mas essas reuniões podem ocorrer já nesta segunda-feira (29), quando as delegações começarem a chegar a Brasília.