O espaço antes ocupado pela imponente duna de 60 metros de altura foi engolido pelas águas e resta apenas 10 metros de largura em uma das regiões

Duna de Jericoacoara em 2019 e em 2023 — Foto 1: Bruno Gomes/SVM — Foto 2: Hugo Albuquerque

O desaparecimento pouco a pouco da Duna do Pôr do Sol (DPS), um dos principais cartões-postais de Jericoacoara (CE), está causando preocupação entre os moradores e autoridades locais. A vila atrai cerca de 600 mil visitantes por ano e sempre foi um dos destinos turísticos mais procurados do Brasil. No entanto, a ameaça iminente representada pelo avanço do mar coloca em risco não apenas a paisagem icônica, mas também a própria estabilidade da praia e da comunidade local.

O espaço antes ocupado pela imponente duna de 60 metros de altura foi engolido pelas águas, e resta apenas 10 metros de largura em uma das regiões.

Foto: Pedro Sousa/UFC

Estudos realizados pelo Labomar, da Universidade Federal do Ceará (UFC), revelam que as dunas de Jericoacoara desempenharam um papel crucial ao longo dos séculos, impedindo o avanço do Atlântico sobre o continente. No entanto, a expansão urbana e a falta de reposição de sedimentos colocam a praia em risco de ser permanentemente tomada pelo mar.

Alexandre Carvalho, geólogo do Labomar, alerta para a importância vital das dunas na manutenção da costa e adverte que a ausência de novas formações na rota das dunas pode ter consequências graves para a região.

Além de servir como um mirante privilegiado para admirar o espetáculo do pôr do sol, a DPS desempenhava um papel fundamental na estabilidade costeira. A geografia única de Jericoacoara, marcada pela presença da Pedra Furada e pela dinâmica das dunas em movimento, é agora ameaçada pela falta de reposição desses montes de areia.

A comunidade local já sente os impactos do avanço do mar

Barracas de caipirinha foram forçadas a se realocar devido à maré alta, enquanto proprietários de pousadas e restaurantes recorrem a medidas emergenciais, como a colocação de pedras, para conter o avanço das águas.

Enfrentando uma situação cada vez mais crítica, as autoridades locais e especialistas se mobilizam para encontrar soluções. O Labomar realizará um novo estudo nos próximos seis meses para avaliar até que ponto o mar pode avançar e formular estratégias de contenção. Alexandre Carvalho destaca a importância da abertura de corredores de vento para favorecer o transporte de sedimentos e restaurar a estabilidade costeira.

*Com informações de O Globo