Debate lançou luz sobre efeitos econômicos, socioambientais e climáticos que podem decorrer do acordo

O deputado federal Nilto Tatto participou do painel (Reprodução Instagram Nilto Tatto)

 

Por Nicole Grell Macias Dalmiglio, da cobertura colaborativa NINJA na COP27

Na manhã de quinta-feira (10), ocorreu o evento denominado “Acordo UE-Mercosul e Regulamentos de importação livre de desmatamento: desafios para o Cerrado e para a discussão de salvaguardas”, sediado no Brazil Climate Action Hub, da sociedade civil.

O evento que contou com representantes da Frente Brasileira contra o Acordo UE-Mercosul, do Instituto de Estudo Socioeconômicos (INESC), da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), e do Instituto Cerrados e da WWF-Global, lançou luz sobre o debate em torno das preocupações e efeitos econômicos, socioambientais e climáticos que a liberalização comercial promovida pelo Acordo EU-Mercosul pode vir a causar.

Segundo os painelistas, um dos efeitos prováveis da implementação do Acordo seria a pressão sobre as áreas florestais, comunidades tradicionais e povos indígenas. O Cerrado brasileiro, bioma caracterizado por suas savanas e florestas estacionais, seria um dos mais afetados por esse instrumento do comércio internacional.

Vítima de um aumento do desmatamento de 28,2% no primeiro semestre de 2022, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Cerrado brasileiro enfrenta uma das maiores frentes de desmatamento do planeta e já assiste a conversão progressiva de seus ecossistemas para a produção intensa de commodities. Desse modo, a implementação do Acordo UE-Mercosul fornece incentivos ao desmatamento de biomas florestais para atender as demandas do mercado exterior.

O painel foi parte da programação da Blue Zone (Zona Azul) – onde ocorrem as principais negociações entre os líderes mundiais – e foi organizado pelo Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) em conjunto com a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educação (FASE), a Frente Brasileira contra os Acordos Mercosul-UE e Mercosul-EFTA, a Rede Brasileira Pela Integração dos Povos (REBRIP), Frente Parlamentar Mista de Apoio aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a World Wildlife Fund Brasil (WWF-Brasil), o Instituto Cerrados, e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

Confira painel na íntegra: