Imagem divulgada no Twitter do Exército, em 7 de junho (Foto: Exército)

 

O escritório regional de Direitos Humanos da ONU na América do Sul está monitorando o caso do desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, informou a ONU News.

Em publicação nesta sexta-feira (10), a ONU manifestou preocupação com a falta de informação sobre o paradeiro dos dois ativistas desaparecidos desde o domingo (5).

A porta-voz Ravina Shamdasani externou preocupação da ONU (Reprodução ONU News)

Em Genebra, a porta-voz da entidade, Ravina Shamdasani lembrou que os dois desapareceram no Vale do Javari, uma área remota no oeste da Amazônia brasileira, na fronteira com Peru e Colômbia. Destacou que a TI é a segunda maior e com a maior concentração de indígenas isolados, mas que tem sido impactada pelo tráfico ilegal, pesca e atividades de mineração e com o aumento de ações de grupos armados. E que Bruno já havia recebido ameaças ligadas ao seu trabalho como defensor do meio ambiente e dos povos indígenas.

As Nações Unidas fazem um apelo “às autoridades brasileiras, para que redobrem os esforços para encontrar Phillips e Pereira”, levando em conta o tempo e os riscos reais para a vida e a segurança de ambos.

Segundo a porta-voz, “é crucial que as autoridades federais e locais reajam de maneira robusta, disponibilizando todos os meios e recursos existentes para uma busca eficiente na área remota em questão.”

Destacou ainda que o indigenista e o jornalista britânico têm sido bastante ativos em aumentar a conscientização e em defender os direitos humanos dos povos indígenas da área, incluindo por meio do monitoramento e da denúncia de atividades ilegais no Vale do Javari.

O Escritório de Direitos Humanos elogia a atuação de grupos da sociedade civil, pelos esforços para encontrar os dois homens, com o envio de missões de busca e resgate na área.

A entidade da ONU reforça preocupação com os ataques constantes e ameaças a defensores de direitos humanos, ambientalistas e jornalistas no Brasil, lembrando ser de responsabilidade das autoridades protegê-los e garantir que possam exercer seus direitos, incluindo liberdade de expressão e de associação.

O Escritório volta a pedir mais proteção aos indígenas no Brasil, especialmente os que vivem em áreas isoladas ou sem contato. A representação das Nações Unidas quer ainda a adoção de medidas para garantir o direito à terra, aos territórios e a meios de subsistência, além da proteção de todas as formas de violência e de discriminação por atores estatais e não-estatais.