Homem surgiu de surpresa no aniversário de Benki. Retirado do local, e aparentemente embriagado ele fez vários disparos para o alto

Benki tem trabalho em defesa do meio ambiente reconhecido internacionalmente; Ong coordenada por ele se dedica a ações de reflorestamento e combate às desigualdades sociais (Foto: Bryan Mir)

Na cidade de Marechal Taumaturgo (AC), o líder espiritual e político do povo Ashaninka, Benki Piyãko foi alvo de ameaça armada durante evento de celebração do seu aniversário, no dia 25 de fevereiro. Testemunhas que não querem se identificar por medo, afirmam que o agente da Polícia Civil José Francisco Bezerra de Menezes surgiu de surpresa no evento, sem ser convidado. Ele aparentava estar embriagado e além de ameaças verbais, chegou a encostar arma de fogo no abdome de Benki.

Temendo pela vida da liderança, que tem trabalho reconhecido internacionalmente pela defesa das pautas socioambientais e da cultura Ashaninka, os presentes se mobilizaram para retira-lo da festa. Crianças e idosos também estavam reunidos no local. Ao chegar ao porto da cidade, o agente da polícia ainda efetuou disparos para cima. Vale ressaltar, as autoridades policiais devem proteger e não, impor medo.

Testemunhas indicam que José e sua família tem histórico de divergências com o líder indígena. O pai de José atuou na política por muito tempo e teve muitos conflitos com Benki. Muitos destes, marcados pela perseguição à etnia Ashaninka.

O caso da invasão à festa, sucedida por ameaças e disparos a esmo chegou ao conhecimento do delegado-geral Henrique Maciel, que encaminhou o caso à Corregedoria. Maciel disse à reportagem do AC24horas que José será investigado administrativa e criminalmente, além de ser afastado de sua função.

De outro lado, o Sindicato dos Policiais Civis saiu em defesa do policial: “no decorrer de oito anos de carreira policial o referido servidor não apresentou nenhuma conduta administrativa ou penal que desabone sua ficha funcional”.

Em nota eles apontam a divergência entre o pai do agente e a liderança indígena, mas a narrativa endossa a versão do policial civil. Por fim o Sinpol-AC afirma que acompanhará o caso e prestará apoio ao policial, “aguardando que a verdade venha à tona através do devido processo legal merecido com exercício do contraditório e ampla defesa que é concedido a todo cidadão”.

Ocorre que dada a cruzada corporativa em favor do policial, integrantes do Centro Yorenka Tasorentsi, organização não-governamental coordenada pelo líder indígena estão de alerta. Muitos estão se sentindo coagidos e temem por represália. A ONG promove a formação de jovens, ações de plantios e reflorestamento amazônico de combate à fome e às desigualdades sociais na região.