Foto: Monicah Mwangi

A história dessa bisavó já foi contada há alguns anos, quando ela voltou a estudar. Hoje, aos 98 anos de idade, voltou a inspirar o mundo em novos vídeos e noticiários. Acredita-se que Priscilla Sitienei, uma senhora da zona rural do Quênia, tenha se tornado “a aluna mais velha do ensino fundamental do mundo”. Ela estuda em uma sala de aula com crianças de 11 a 14 anos. Priscilla diz que ingressou na escola com a intenção de inspirar as crianças quenianas, além de finalmente aprender a ler e escrever. E tem projetos: “quero ser médica”.

“Eu a faço ser minha monitora de classe me ajudando com os barulhentos na sala de aula”, disse Leonida Talaam, sua professora da turma. “E ela conseguiu fazer esse trabalho. Quando eu saio, a turma fica em silêncio”.

Carinhosamente conhecida como ‘Gogo’, que significa avó na língua local Kalenjin, a Sra. Sitienei nunca teve a chance de ir à escola quando criança – no Quênia, a educação primária não era universal e gratuita até 2003. No entanto, a ausência de uma educação formal nunca impediu ‘Gogo’ de servir sua comunidade. Priscilla é parteira há 65 anos e inclusive deu à luz alguns de seus colegas de classe quando bebês! Ela deseja ler e escrever para que possa transmitir suas habilidades de parteira e conhecimento de fitoterápicos.

No entanto, a principal motivação de Priscilla ao ingressar na escola é incentivar os outros a aprender. No Quênia, há muitos fatores que limitam a chance de uma criança obter educação. A pobreza extrema não apenas limita a chance de uma criança se matricular na escola, mas também reduz a chance de uma criança permanecer lá depois de matriculada. As crianças das famílias mais pobres podem ser mantidas em casa para trabalhar na fazenda, cuidar de familiares ou até mendigar nas ruas por comida. Como resultado, uma criança falta tanto à escola que fica muito para trás e não pode progredir para a próxima aula. À medida que a criança cresce, sentindo-se desajeitada e deslocada na classe dos ‘bebês’, é fácil para ela perder a esperança. Distrações prejudiciais – drogas, cultura de rua ou casamento infantil – de repente se tornam ainda mais atraentes. O ciclo da pobreza continua.

O governo do país da África Oriental começou a subsidiar o custo do ensino primário em 2003, permitindo que alguns membros mais velhos da sociedade que perderam a educação na juventude revivessem seus sonhos.

Foto: Monicah Mwangi

Publicado originalmente em Global Citizen com informações da Reuters