Duda Salabert (PDT-MG) e Erika Hilton (PSOL-SP) serão as primeiras trans eleitas ao Congresso

Juntas, Babi, Erka, Duda e Linda somaram mais de 800 mil votos juntas

Por Mauro Utida

Em um cenário histórico, cinco deputadas transexuais foram eleitas neste domingo (2), juntas elas somaram mais de 800 mil votos. Neste contexto notável, Duda Salabert (PDT-MG) e Erika Hilton (PSOL-SP) serão as primeiras trans eleitas ao Congresso Nacional.

No legislativo estadual, Linda Brasil (PSOL) e Dani Balbi (PCdoB) ocuparão cadeiras nas assembleias de Sergipe e Rio de Janeiro, respectivamente. Em São Paulo, a codeputada Carolina Iara, que compõe a Bancada Feminista do PSOL, também é a primeira pessoa intersexo no parlamento estadual.

A força destas candidatas também se traduz em uma eleição onde o número de candidaturas LGBT+ eleitas dobrou, comparada com a anterior. Em 2022, foram 18 candidaturas declaradamente LGBT+ eleitas para o legislativo brasileiro, conforme levantamento da organização VoteLGBT.

A maioria das candidatas fizeram parte da Lista NINJA nas Eleições e integraram o quadro de 258 candidatas da Campanha de Mulher, ação de visibilidade das candidaturas progressistas nestas eleições de 2022.

Conheça um pouco mais de cada candidata trans eleita:

ERIKA HILTON

Mulher negra e travesti, Erika Hilton (PSOL-SP) foi a mulher trans mais votada do Brasil. No maior colégio eleitoral do país, ela obteve 256.903 votos e foi a nona candidata mais votada de São Paulo.

Nas eleições de 2020, ela se consagrou como a vereadora mais votada em São Paulo. Em apenas dois anos de mandato, colhe conquistas na Câmara, tendo presidido a Comissão de Direitos Humanos. Erika encabeçou a primeira CPI que investiga a violência contra pessoas trans do país.

DUDA SALABERT

Eleita pelo PDT de Minas Gerais, Duda Salabert será mais uma representante trans no Congresso Nacional na luta pelos direitos das minorias e projetos de inclusão social.

Duda conquistou 208.332 votos no estado mineiro. Em 2020, a professora de literatura foi a vereadora mais votada por Belo Horizonte e fez um mandato que defendeu a capital mineira contra as mineradoras, em especial pela preservação da Serra do Curral.

Em sua campanha em Minas Gerais, Duda precisou andar com escolta armada para se proteger de grupos neonazistas que ameaçam candidatos da esquerda no estado. Apesar das ameaças, a vereadora não se intimidou e se manteve firme para chegar ao Congresso Nacional.

Nos agradecimentos, Duda fez questão enaltecer esta vitória mesmo com todos os ataques de todos os lados sofrido. “mesmo com ataques de setores da esquerda, ataques dos ciristas e das ameaças de morte da extrema direita, ganhamos a eleição!”.

DANI BALBI

Primeira professora trans da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), doutora em Ciência da Literatura e roteirista, Dani Balbi (PCdoB-RJ) fez história novamente ao ser a primeira deputada trans a ocupar um cargo na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Ela teve mais de 65.815 votos.

Sua eleição soma forças e marca transformação na Assembleia do Rio, com pautas ligadas a defesa das mulheres, da comunidade LGBTQIA+, e pelo movimento antirracista.

Ao agradecer pelos votos, Dani declarou que a luta só começou. “Temos muito trabalho pela frente para derrotar a política do ódio”.

https://twitter.com/danielibalbi/status/1576927075508031494

LINDA BRASIL

Eleita a primeira mulher trans a ser deputada estadual em Sergipe, Linda Brasil (PSOL-SE) é educadora e ativista LGBTQIA+. Em 2020, foi eleita como a vereadora de Aracaju mais votada do pleito eleitoral. Neste ano, ela conquistou 28.704 votos nas urnas.

Linda é fundadora da Associação Amosertrans e da Casa de Acolhimento CasAmor Neide Silva. Na Alese (Assembleia Legislativa de Sergipe), ela reafirmará o posicionamento em defesa das mulheres e da comunidade LGBTQIA+ pelos direitos humanos.

Nas redes, ela agradeceu pelos 28 mil votos e declarou que a luta está apenas começando. “Vamos juntes TRANSformar a política sergipana e seguir ocupando todos os espaços”.

https://twitter.com/lindabrasilse/status/1576727082721505280

Carolina Iara

Carolina Iara é nascida intersexo e compõe a Bancada Feminista do PSOL, onde atuou como covereadora em São Paulo. Uma das fundadoras da Associação Brasileira de Pessoas Intersexo (ABRAI), em 2018, Carolina Iara vive na zona leste, na periferia de São Paulo.

Travesti, negra, candomblecista, vive com HIV/aids e é mestranda em Ciências Humanas e Sociais pela Universidade Federal do ABC. “Fui eleita a primeira CoDeputada Estadual intersexo das Américas. E sou a travesti vivendo com HIV eleita pra ALESP. O Estado de SP nos elegeu com 259.437 votos, sendo a Bancada Feminista a candidatura de mulher pra DEPUTADA ESTADUAL MAIS BEM VOTADA DO BRASIL”, afirmou.

 

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