Foto: Kamran Jebreili/AP

Por Katiane Ribeiro

A Copa do Mundo no Qatar não é só sobre futebol, é sobre as mulheres, sobre o direito delas, ou a falta deles.

Há uma questão cultural atrás disso, mas não podemos deixar de falar das leis, regulamentos e práticas atribuídas à tutela da figura masculina, que negam direitos básicos e importantes para as mulheres. Elas precisam ter a permissão de seus tutores masculinos (ou membros da família do sexo masculino) para casar, estudar fora do país, trabalhar em empregos públicos, viajar e receber cuidados de saúde reprodutiva.

A legislação catari criminaliza todas as formas de sexo fora do casamento – uma violação pode ser considerada uma confissão, com sentenças de até sete anos de prisão, como no caso da mexicana Paola Schietekat, de 27 anos, que revelou ter sido vítima de violência sexual, registrou a queixa e foi condenada por relação extraconjugal a sete anos de prisão e 100 chibatadas após denunciar ter sido vítima de estupro.

Segundo a Anistia Internacional, as mulheres também são obrigadas a mostrar uma certidão de casamento para ter assistência à saúde sexual e reprodutiva e não têm acesso a contracepção de emergência. Também por lei, as mulheres do Catar com menos de 25 anos não podem viajar sem a permissão de seu responsável masculino.

Ao longo dos anos, em uma ótica masculina de uma sociedade patriarcal, que idealiza e naturaliza essas situações, essas questões ainda são um tabu. Os desafios enfrentados pelo movimento feminista tem dimensões globais e requerem o reconhecimento das diferentes culturas nas quais as mulheres se encontram e a luta pela igualdade de direitos civis.