Foto: Reprodução / FIFA World Cup

Por Julia Rosenthal

Uma das maiores comoções da Copa do Mundo de 2022 foi o time de Marrocos, que se tornou a primeira seleção africana na história da competição mundial a chegar a uma semifinal. Assim, a equipe marroquina deslumbrou a todos no Catar com sua dedicação e desempenho. No início da competição, os africanos tiveram que passar pelas emergentes seleções europeias como a Croácia, que, na fase seguinte, foi a responsável pela eliminação da seleção brasileira, e a talentosa geração belga.

Os marroquinos também fizeram a façanha de eliminar a habilidosa e jovem seleção da Espanha em partida eletrizante com direito à prorrogação e pênaltis, bem como o time português de Cristiano Ronaldo, com um belo gol de cabeça.

Assim, os africanos atraíram diversos olhares devido ao seu elenco e futebol, tendo jogadores que atuam em renomados times ao redor do mundo. Este é, por exemplo, o caso do camisa 2 do grupo marroquino, Hakimi, que já havia encantado a muitos com seu desempenho na Europa. Mas afinal, quem é o jogador?

Achraf Hakimi Mouh é um jovem zagueiro, de 23 anos, que atua também como lateral-direito. Desde criança, era apaixonado pelo futebol. Nascido na capital espanhola Madrid em novembro de 1998, o atleta sempre teve o apoio e o incentivo dos pais na área esportiva. Assim, começou sua trajetória futebolística na base do CD Colonia Ofigevi em Getafe.

Pouco tempo depois, recebeu o convite para uma melhor formação no esporte em um programa oferecido pelo vitorioso Real Madrid. Atleta do clube espanhol por várias temporadas, Hakimi jogou no time B, participando no time principal em 2017, ano em que o Madrid conquistou sua décima segunda Champions League.

Hakimi e o irmão segurando a taça de campeões da Champions League 2017. Fonte: via Instagram

Entretanto, Achraf citou em entrevistas realizadas a jornais espanhóis que o clube merengue não lhe proporcionou tantas oportunidades em face de um possível preconceito que é dispensado aos atletas oriundos do Castilla. Sendo assim, não demorou muito para que o zagueiro atraísse interesse de outros clubes internacionais.

“O Real Madrid não me deu a mesma chance que outros clubes deram. E eu estou feliz com isso, porque eu acho que esses clubes não tomaram a decisão errada”, disse o jogador ao jornal “Marca”.

Deste modo, ele teve breves passagens pelos clubes Borussia Dortmund, da Alemanha, e Inter de Milão, da Itália, até se firmar no clube Paris Saint-Germain (PSG), da França, onde inclusive, atua ao lado de seu próximo adversário na competição mundial, o francês Kylian Mbappe.

Mas, como o jogador chegou à seleção africana? Bem, Hakimi é filho de pais marroquinos e toda sua família possui descendência africana. O esportista é o primeiro de três irmãos crescidos nos subúrbios de Madrid. Hakimi e sua família não tiveram uma vida fácil. Como os pais sempre sobreviveram de trabalhos informais – o pai atuava como vendedor de rua e a mãe como faxineira -, a possibilidade de proporcionar uma vida mais confortável acabou se tornando uma de suas principais motivações para seguir no esporte.

Foto: Fadel Senna / AFP

O lateral chegou a ser convidado para fazer parte da seleção da Espanha. No entanto, preferiu defender a camisa de seu país de descendência. Após uma conversa com seus familiares e agentes, entendeu que era a “escolha certa” a se fazer, até mesmo por seu orgulho de ser marroquino.

Como uma irônica reviravolta da vida, Hakimi foi o responsável pela cobrança de pênalti que concretizava a eliminação da Espanha da Copa do Mundo deste ano. Com frieza e inteligência, bateu de cavadinha e fez uma gozada comemoração imitando um pinguim, em homenagem a seu parceiro Sergio Ramos na zaga do PSG. Assim, ele foi o autor do gol da classificação de Marrocos para a semifinal da competição mundial, tornando-se um dos astros a fazer parte da história da equipe africana.

Agora, Hakimi e sua seleção vão em busca do tão sonhado primeiro título de campeão mundial, tendo que enfrentar um de seus antigos colonizadores, a França, pela vaga na grande final da competição. Trazendo muita alegria para sua família e todos que torcem pelo time, o lateral marroquino sabe que, independentemente do resultado, seu time já fez “história”, não apenas para seu país, como também para seu continente. Afinal, é sempre bom lembrar : Marrocos é a primeira seleção africana a chegar a uma semifinal de Copa do Mundo.

Você pode acompanhar o jogo de Marrocos x França pelas redes sociais do NEC, com uma bela narração ao vivo pelo Twitter!

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube