A Semana Chico Mendes encerra hoje, na data em que foi assassinado, há 34 anos. Mas seu legado, permanece. Ainda hoje seu exemplo de luta pela conservação da floresta ecoa no mundo todo

Foto: Arquivo Pessoal

 

A Semana Chico Mendes começa no dia 15 de dezembro, que seria aniversário de Chico, um nome que todo cidadão e cidadã brasileira já ouviu falar pela sua luta em defesa da Amazônia. E ouvimos falar pouco, porque ele é muito maior que isso: Chico é gigante. 

Essa Semana se encerra em 22 de dezembro, dia em que em 1988, foi covardemente assassinado, em casa, na presença da esposa e dois filhos pequenos, além de dois policiais que faziam sua segurança.

“A cidade tá estranha”, disse seu companheiro Gumercindo Rodrigues, o Guma, antes de sair da casa de Chico para dar uma volta e ver o que estava acontecendo em Xapuri (AC). Foi o tempo da liderança seringueira ser assassinada, quando ia tomar um banho. Durante dias, seus assassinos ficaram acampados atrás de sua casa, de tocaia, aguardando o momento de matá-lo, porque “esse homem tá dando trabalho”, como apontavam os fazendeiros, que viam as alianças e crescimento de Chico Mendes – como liderança extrativista e da floresta – como um problema a ser eliminado.

A morte de Chico não foi o fim de uma luta, mas a afirmação do legado que construiu durante sua vida, que desde menino se baseava em cortar seringa e proteger a floresta. Talvez criança ele não entendesse tanto isso, mas ao crescer, e ver os ruralistas derrubando a floresta, que era o seu sustento e até hoje é de diversas famílias, se colocou nesse lugar.

Uma famosa frase de Chico diz exatamente isso, e toca profundamente quem está no território, na floresta, e quem sabe que floresta em pé é vida garantida.

“No começo pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”.

A história desse homem, que aprendeu a ler aos 16 anos de idade e fez da seu corpo um símbolo de proteção da floresta, das populações extrativistas, deveria ser contada em detalhes nas escolas, não somente do Acre, sua terra natal e onde fez sua luta, mas em todo o país. Na realidade, em todos os países da pan-Amazônia, do mundo!

Até hoje, seus companheiros, incluindo Guma, atuam em defesa da floresta, fazendo a linha de frente em Xapuri, Rio Branco, Epitaciolândia, Assis Brasil, Brasileia e diversos outros municípios do estado. E os filhos desses companheiros e companheiras, também. A luta se estende a moradores das 96 reservas extrativistas espalhadas pelo Brasil, povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, quem conhece sua história e sabe que falar de Chico, segue seus passos. O que significa proteger o meio ambiente. 

Hoje, essa comunicadora que não é da Amazônia ou de reserva extrativista, nasceu no asfalto, sabe que é parte da floresta, e que defende-la é, acima de tudo, um dever. Um dever para honrar e perpetuar a memória de Chico Mendes, estar ao lado dos povos indígenas e quilombolas na defesa de seus territórios e cuidar da nossa humanidade.

A natureza é boa, justa, generosa. O mínimo é retribuir esse cuidado e atenção, como Chico, que vive em todas e todos nós.