Um dos iates usados no cruzeiro no rio Negro (Reprodução Redes Sociais/ Via Amazônia Real)

 

Uma reportagem da Amazônia Real foi alvo de censura. Entitulada “Iate do Amazon Immersion estava sem autorização”, apontava nome dos donos da embarcação onde, em abril do ano passado, em plena pandemia de Covid-19, ocorreu o evento “Amazon Immersion”, com turistas brasileiros e estrangeiros.

A Justiça do Amazonas obrigou a agência a retirar do ar a reportagem publicada no dia 14 de maio de 2021, que alertava sobre os riscos de contaminação de indígenas de comunidades no entorno de Manaus, na bacia do rio Negro, visitadas pelos turistas que participavam do evento. A 10ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho da Comarca de Manaus acatou pedido dos empresários Waldery Areosa Ferreira, Daniel Henrique Louzada Areosa e da empresa WL Sistema Amazonense de Turismo.

Segundo a Amazônia Real, que cumpriu a decisão judicial, embora apenas trechos da apuração jornalística tivessem sido contestados, a juíza Mônica Cristina Raposo da Câmara Chaves do Carmo, da 10ª Vara Cível e de Acidentes de Trabalho da Comarca de Manaus, determinou a remoção total do conteúdo. A decisão é em caráter liminar e não julga o mérito da ação, cuja defesa pede uma indenização contra a agência no valor de 8 mil reais.

“Ao determinar a retirada da matéria do ar, sem oportunizar à Amazônia Real o contraditório, a decisão proferida consubstancia censura, de forma que impede o livre exercício de atividade jornalística”, afirma a advogada da agência, Bárbara Trindade.

A jornalista Kátia Brasil, cofundadora e editora executiva da agência, recebeu a decisão como uma violação de direitos da liberdade de imprensa.

“A agência Amazônia Real ser censurada por um empresário, acusado de diversos processos, e em plena democracia é algo que eu jamais imaginava acontecer. Essa decisão judicial não fere só a liberdade de imprensa, fere toda a mídia independente e investigativa brasileira que exerce o jornalismo para tornar os cidadãos deste país pessoas livres de amarras e de desinformação”.

A matéria jornalística, agora sob censura, publicou informações apuradas junto a autoridades e só foi ao ar após o jornalista procurar ouvir os envolvidos. O recurso contra a censura mostra também que as informações sobre a vida pregressa dos empresários, que fazem parte da reportagem, são públicas e aparecem em dezenas de outros conteúdos jornalísticos, inclusive no “Fantástico”, da Rede Globo, um dos programas de maior audiência no Brasil.

Reportagem da Amazônia Real explica tudo com detalhes. Clique aqui para saber mais.