Será ainda possível transformar os direitos humanos numa ruína viva, num instrumento para transformar o desespero em esperança? Estou convicto que sim.
Pela primeira vez desde a transição democrática de 1978, os dois principais partidos de esquerda unem-se para formar governo. A articulação de esquerda de que Portugal foi pioneiro na Europa a partir de 2016 teve um papel importante ainda que indiretamente na solução espanhola.
Os acontecimentos dramáticos ocorridos na Bolívia seguiram um guião imperial que os latino-americanos começam a conhecer bem: preparar a mudança de regime de um governo considerado hostil aos interesses dos Estados Unidos (ou melhor das multinacionais norte-americanas).
No passado dia 7 de Novembro, o Supremo Tribunal Federal do Brasil contribuiu para fortalecer a ideia de que, também neste país, nem tudo está perdido.
As palavras que mais ocorrem são estupefacção e perplexidade. O governo brasileiro caiu no abismo do absurdo, na banalização total do insulto e da agressão, no atropelo primário às regras mínimas de convivência democrática.
Por que é que os EUA, acolitado por alguns países europeus, embarca numa posição agressiva e maximalista que inutiliza à partida qualquer solução negociada?
Os começos do ano são propícios a augúrios de tempo novo, tanto no plano individual como no colectivo. De tempos a tempos, esses augúrios traduzem-se em atos concretos de transformação social que rompem de modo dramático com o status quo.