Além de resolver uma série de problemas deixados pelo uso do mercúrio, folhas de pau-de-balsa pode recompor áreas removidas pelos próprios garimpos

Foto: Alberto César Araújo / Amazônia real

Via Folha de S. Paulo 

Pesquisa realizada no Brasil mostrou que bioextratores obtidos a partir de folhas de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale), árvore nativa da Amazônia, podem ser uma alternativa viável e sustentável para a extração de ouro em substituição ao mercúrio. Uma nova etapa vai estudar quais formulações de bioextratores podem ser competitivas com o mercúrio, tanto no processo de extração, quanto na redução do impacto na saúde de trabalhadores e no meio ambiente. Além de resolver uma série de problemas deixados pelo uso do mercúrio, a planta recomporá áreas removidas pelos próprios garimpos.

“Nosso intuito é melhorar esse processo e produzir um bioextrator atóxico, competitivo com o mercúrio”, explica a pesquisadora da Embrapa Marina Morales, responsável pela condução dos estudos.

Neste ano, o estudo entra na segunda fase, com o intuito de melhorar o bioextrato. Por meio da Coogavepe (Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto), na região de Peixoto de Azevedo (MT), serão recolhidas amostras para a comparação entre a extração tradicional com mercúrio e a com o bioextrator da folha de pau-de-balsa. A cooperativa reúne 150 garimpos de pequena escala liberados para minerar.

A extração do ouro em céu aberto é feita com a remoção do solo e a utilização de jatos de água para a separação de minérios, gerando o “concentrado”. O passo seguinte é a utilização do mercúrio para a separação do ouro de outros minerais. Neste último passo, os pesquisadores vão utilizar o bioextrator do pau-de-balsa, em vez do mercúrio. Na primeira fase do projeto, foram apuradas quatro possíveis formulações, que serão testadas e aprimoradas para ver qual melhor substitui o mercúrio.

Esse estudo será coordenado pela Embrapa Florestas (PR), em parceria com Embrapa Agrossilvipastoril (MT), Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto (Coogavepe), Universidade Estadual de Maringá (UEM) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).