Às vésperas do primeiro turno das eleições, pesquisa reforça que maioria do eleitorado confia no sistema de votação brasileiro

Foto: Roberto Jayme/Ascom/TSE

Nos últimos anos, as urnas eletrônicas passaram por uma campanha de descredibilidade pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e por parte de seus apoiadores, como parte do discurso antidemocrático e golpista. Porém, o equipamento tem a confiança de 74% da população brasileira, conforme pesquisa realizada pelo Instituto Opinião, encomendada pelo Congresso em Foco.

Segundo o levantamento, 49% confiam e 25% confiam muito nas urnas, contrastando com a minoria de 24% que não confiam. Apenas 2% dos entrevistados não sabem ou não quiseram opinar sobre o tema.

Às vésperas do primeiro turno das eleições, a pesquisa reforça que a maioria do eleitorado brasileiro tem a confiança do resultado das eleições pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ao contrário do chefe do Executivo que tenta gerar desconfiança sobre a segurança das urnas compartilhando fake news.

“As fake news distribuídas diariamente sobre o tema acabam por gerar insegurança até entre aqueles que sempre confiaram muito nas urnas e agora dizem apenas confiar”, disse o diretor do Instituto Opinião, Arilton Freres.

Para o diretor, 24% dos que não confiam nas urnas estão ligados aos militantes do atual presidente. “Boa parcela desse número está ligado àqueles eleitores mais próximos ao presidente. São eleitores mais fiéis, que confiam em suas falas e que, portanto, começaram engrossar o discurso de ataque às urnas”, completou.

Por região

O Instituto Opinião fez um recorte sobre a opinião dos eleitores sobre as urnas e o sistema eleitoral brasileiro por região. Chama a atenção o fato de a região Sul, onde o presidente mantém um eleitorado mais fiel, ter a pior média dos que acreditam nas urnas. As regiões Nordeste lidera com 26,6% dos eleitores que acreditam muito nas urnas. Ela é seguida pelas regiões Norte e Centro Oeste, que mantêm 26% dos que acreditam muito. O Sudeste tem 25,8%. No Sul, o índice é o mais baixo, com 17,3%.

“Nosso sistema eleitoral é confiável e até hoje não reconheceu nenhuma fraude comprovada. Se pensarmos por esse ângulo, os 24% que não acreditam nas urnas [média nacional] são um percentual alto. Mas, diante da atual conjuntura, acredito ser um número até esperado”, analisa Arilton Freres.

Análise sobre a democracia

A pesquisa do Instituto Opinião também avaliou a percepção do brasileiro a respeito do sistema democrático. O instituto fez a seguinte pergunta aos entrevistados: com quais das seguintes afirmações você concorda mais? 1) Democracia é sempre melhor que qualquer governo; 2) Tanto faz se é uma democracia ou uma ditadura; e 3) Às vezes é melhor uma ditadura do que a democracia.

A maioria dos entrevistados, 85% deles, optaram pela primeira opção, preferindo a democracia. Só 3% afirmaram que tanto faz uma democracia ou uma ditadura. E 5% afirmaram preferir um regime ditatorial sem qualquer liberdade de expressão.

“Esses números mostram que a população brasileira tem forte apego à democracia. Nós esperávamos até mais. Porém, diante de um cenário de resgate e valorização da ditadura militar nos últimos anos por parte de setores da sociedade, esse índice mostra que esse comportamento se restringe à minoria da nossa sociedade”, analisa Arilton Freres.

A pesquisa também fez um recorte por região. A região Sul foi a única que manteve abaixo dos 80% quando o assunto foi a preferência pela democracia, com 79,3%. Nas outras regiões o índice foi acima de 80%. O Nordeste com 83,2%, as regiões Norte e Centro-Oeste, com 87%, e Sudeste, com 88,3%.

Sobre a pesquisa

O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-09430/2022, ouviu 2 mil pessoas por telefone com entrevistadores humanos, por meio de sorteios aleatórios na base de dados. Foram levados em conta critérios de divisão geográfica, escolaridade, faixa etária e classificação socioeconômica.

Com informações do Congresso em Foco