Apib comemorou inclusão de tema socioambiental

Candidatos comparecem a local de prova para a primeira etapa do Exame. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A primeira etapa de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022 aplicada neste domingo (13) teve questões marcadas por temas sociais, como o Estado Democrático de Direito, em especial, o reconhecimento do resultado das eleições, a participação das mulheres no universo do skate, a valorização da cultura nordestina e uma redação como o tema: “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil.”

Nas redes, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) comemorou sobre o tema da redação e se manifestou sobre a importância dos estudantes refletirem sobre o assunto. “Neste momento, milhões de estudantes estão pensando e escrevendo sobre os povos originários do Brasil”.

A luta do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o maior movimento social urbano do Brasil, também foi lembrado sobre a legalidade de suas ações que estão garantidas pelo preceito constitucional. “Urgente: MTST ocupa o Enem”, escreveu.

A prova é realizada em dois dias de aplicação. São quatro provas objetivas, com 180 questões, sendo 45 de cada área do conhecimento. O segundo dia de provas ocorrerá no próximo domingo (20), com aplicação das provas de ciências da natureza e suas tecnologias, e matemática e suas tecnologias.

Declínio no número de candidatos

Milhões de brasileiros participaram do primeiro dia de provas, porém o número de inscritos no exame vem caindo nos últimos anos – e a proporção de candidatos negros, também. Embora ainda sejam maioria, os candidatos que se autodeclaram pretos ou pardos formam 54,8% dos total de quase 3,4 milhões de inscritos. Em 2019, esse percentual era de 59,1%.

Neste ano, o número de inscritos para o Enem foi o menor desde 2005, quando o exame ainda não era um “vestibular nacional”. Entre os fatores apontados por especialistas a diminuição do número de inscritos esta a pandemia e a má gestão na Educação durante o governo de Jair Bolsonaro. O número de candidatos ao Exame caiu ano após ano no governo Bolsonaro, passando de 5,09 milhões em 2019 até o patamar atual de 3,4 milhões.

O Enem se tornou o principal passaporte para a entrada do ensino superior no Brasil. Para a professora e pesquisadora de Educação das Relações Étnicos-Raciais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Rosely Tavares, a participação de negros sendo a maioria dos inscritos provoca uma transformação das universidades, principalmente as públicas, e fortalece o combate ao racismo e discriminação.

“A universidade, além de um lugar de estudo e desenvolvimento de pesquisa, é um espaço também de ascensão social porque sabemos que representa uma melhor colocação mercado de trabalho, mas, acima de tudo, de ter essa população negra no Ensino Superior implica também tensionar esse lugar, sobretudo as universidade públicas, que historicamente são espaços ainda conservadores, de pessoas brancas, e tensionar as leituras os próprios autores, as pesquisas”, analisa ela em entrevista ao Alma Preta Jornalismo.

Lei de Cotas Raciais

Umas das ações de políticas afirmativas no enfrentamento ao racismo implantadas pelo governo no Brasil que tem contribuído para este aumento de inscritos negros no Enem é a Lei de Cotas Raciais. Desde 2012, a legislação instituiu que 50% das vagas ofertadas pelas universidades públicas devem ser destinadas a estudantes pretos e pardos oriundos do Ensino Público.

A Lei Federal de Cotas completou dez anos em 2022 e o governo Bolsonaro encerra o mandato sem reavaliar o programa pelo Governo Federal.

Com informações da Alma Preta Jornalismo e Metrópoles

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