Foto: Alan Santos / PR

Uma reportagem do Estado de S. Paulo divulgada nesta sexta-feira (18) aponta o funcionamento de uma espécie de gabinete paralelo ao Ministério da Cultura formado por um grupo de pastores ligados ao ministro da pasta, Milton Ribeiro, também pastor. Eles atuam como lobistas, sem ter nenhum vínculo com a administração pública. Eles também não teriam nenhuma ligação com a área da educação.

“Eles formam um gabinete paralelo que facilita o acesso de outras pessoas ao ministro e participam de agendas fechadas onde são discutidas as prioridades da pasta e até o uso dos recursos destinados à educação no Brasil”, afirmou o jornal.

O Estadão identificou que dois pastores em especial apareceram em 22 agendas oficiais do MEC nos últimos 15 meses, a maioria delas com o próprio ministro. São eles os pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade.

Em atuação paralela ao Ministério, eles ganham acesso livre ao voos da FAB e ao gabinete do ministro. O principal papel dos pastores é abrir portas para reuniões com prefeitos e empresários e acompanhar o ministro nas viagens. Assumem, assim, um papel importante na agenda política do Ministério.

O próprio ministro da Educação já chegou a falar que não gosta da intermediação de deputados e senadores para o contato com os gestores municipais. “Sem política”, disse em Centro Novo do Maranhão (MA). No mesmo evento, o pastor Gilmar dos Santos afirmou que era o responsável por garantir verbas para prefeituras.

“Estamos fazendo um governo itinerante, principalmente através da Secretaria de Educação, levando aos municípios os recursos, o que o MEC tem, para os municípios”, disse em vídeo divulgado pelo Estadão.

Entre as cidades que tiveram as portas abertas pelos pastores, seja em reuniões com prefeitos no gabinete ou em agenda de viagens, estão Centro Novo do Maranhão (MA), Coração de Maria (BA), Bom Lugar (MA), Vianópolis (GO) e outros prefeitos dos partidos Progressistas, PL e Republicanos.

Para especialistas em Direito Público há indícios de irregularidade, usurpação da função pública, tráfico de influência na ação dos pastores, configurando crime.

Divulgada esta manhã (18), a reportagem ganha repercussão nas redes. “A moralidade evangélica que se esconde para controlar o dinheiro e a política da educação brasileira, são vampiros que aproveitaram do vazio que existe nessa pasta para enriquecer”, escreveu o escritor Ale Santos.