Vídeo misógino que ironiza engenheiras é repudiado por mulheres e empresas de engenharia. Conselho informa que tomará medidas judiciais

Foto: Nilson Bastian/ Câmara dos Deputados

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) fez uma associação do desabamento de um trecho das obras da Linha 6 do metrô de São Paulo à contratação de mulheres engenheiras pela construtora Acciona. O deputado resgatou um video de 2020 da empresa, que é responsável pela obra na Marginal Tietê, em que mostra a prioridade na contratação de mulheres. O vídeo, no entanto, é mostrado com edições que ironizam a entrevista das engenheiras com imagens do desabamento em São Paulo.

O deputado complementa em texto: “Homem é pior engenheiro? Quando a meritocracia dá espaço para uma ideologia sem comprovação científica o resultado não costuma ser o melhor”.

Para a construtora, a montagem do vídeo divulgada pelo deputado é sexista, misógina e desrespeitosa. Conforme nota divulgada pela colunista Monica Bergamo na Folha de S. Paulo, a empresa “estuda as medidas judiciais cabíveis ao caso”. O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea-SP) também se posicionou e emitiu nota em que repudia o ataque e afirma que “atos como esse não serão tolerados”.

O Instituto de Engenharia é outro órgão que também respondeu ao ataque misógino: “É inadmissível que esse tipo de mensagem seja compartilhada por qualquer pessoa. É um desserviço à sociedade, à evolução e um verdadeiro desrespeito e discriminação às profissionais envolvidas, quer engenheiras ou não”, afirmou em comunicado.

O acidente ocorreu da última terça-feira (1º) e foi amplamento divulgado nos noticiários locais. Uma cratera se abriu na Marginal Tietê, na Zona Norte, depois que o asfalto cedeu ao lado da construção.