Voluntários entram na mata para apagar focos de incêndio. Foto: Mídia NINJA

Nós, Sociedade Civil Organizada de Alto Paraíso de Goiás, vimos por meio desta manifestar a nossa insatisfação e discordância em relação à realização do I Seminário Regional Diálogos para a Sustentabilidade, organizado pela SECIMA, pelo estado de goiás e outros realizadores, com o apoio da prefeitura municipal de alto paraíso de goiás, do jornal o vetor, da CELG e outros apoiadores.

​Haja vista que os motes do seminário são a regionalidade e os diálogos para a sustentabilidade, ficamos, mais uma vez, espantados com a ausência de interlocução com a Sociedade Local ou com as Organizações SocioAmbientalistas da Chapada dos Veadeiros antes da realização deste evento.

​Um seminário deste porte que não conta com nenhum palestrante local demonstram, no mínimo, uma falta de sensibilidade e compromisso dos organizadores para com o Território.

​Mais uma vez, assim como está ocorrendo em relação ao projeto das 17 ODS, o “notório saber” externo, vem à região mostrando soluções e oportunidades , com pacotes e projetos prontos, sem mínima consulta prévia com técnicos locais, educadores, ambientalistas e pasmem, sem o convite ao ICMBIO.

​Como podemos abordar os desafios e oportunidades para o desenvolvimento sustentável, mote do seminário, sem uma gestão inclusiva, participativa e democrática? Entendemos a importância de um seminário deste porte para a região, porém, não compactuamos com a forma verticalizada como a construção desses eventos e políticas vem sendo feitas.

​Uma Prefeitura que acabou de fundir as Secretarias de Meio Ambiente e Agricultura contrariando reivindicações expressas e contundentes da Sociedade Civil Organizada não tem legitimidade suficiente, para convocar um evento como este.

​A SECIMA não possui nem mesmo uma base no Município apesar das antigas e reiteradas solicitações e se omite constantemente sobre vários crimes ambientais e pautas relativas ao Meio Ambiente na Chapada dos Veadeiros.

​Neste momento, a Chapada dos Veadeiros arde em chamas, boa parte devido à negligência das autoridades municipais, estaduais e federais e as políticas públicas que fomentam a expansão das práticas ruralistas de monocultura e agronegócio em detrimento do Bioma Cerrado.

​A Sociedade Civil tomou medidas eficientes de combate aos incêndios criminosos que estão castigando a Chapada dos Veadeiros e em uma demonstração de força e união em prol do Cerrado, mostrou ao poder público uma ação muito mais efetiva e resiliente do que a tradicional morosidade e negligência do Poder Público. O decreto de situação de emergência, foi expedido mais de uma semana após o início dos incêndios criminosos e não teria sido expedido se a Sociedade Civil não tivesse exercido forte pressão sobre o prefeito.

​Cada vez mais, não nos sentimos representados e tomaremos medidas mais incisivas para que essas políticas públicas de fato sejam socialmente inclusivas, ambientalmente sustentáveis e economicamente resilientes.

Não mais compactuaremos com maquiagens ambientais ou pseudo-democráticas, como por exemplo a troca de nomes propostos para a secretaria municipal fundida entre interesses políticos opostos na região (agricultura e meio ambiente) para seminários de grifes, ou a criação de um Conselho Connsultivo das ODS, que visa atribuir uma roupagem democrática para ações do governo do Estado, em sua grande parte, lançadas de cima para baixo sem qualquer nivelamento com as demandas populares e ambientais.

​Precisamos de posicionamentos políticos dos órgãos ambientais que barrem o prosseguimento dessa expansão do agronegócio e da especulação imobiliária que vem devastando o Cerrado e interferindo no ecossistema a ponto de colocar o Município de Alto Paraíso em uma crise hídrica, com perda de biodiversidade, de terras férteis e de nascentes sem precedentes.

Se não fosse a omissão do poder público sobre essas questões, não haveria, por exemplo, um poço perfurado pela própria SANEAGO às margens do córrego pontezinha para abastecer a Cidade de Alto Paraíso sem a existência de um balanço hídrico, subsídio técnico básico para qualquer proposta de desenvolvimento sustentável para a região. Lamentável e no mínimo, uma incompetência recorrente da gestão dessa Agencia.

​A presença dos técnicos palestrantes na Cidade poderia ter sido aproveitada para a confecção do balanço hídrico do Município, ponto fundamental para que se possa avaliar o impacto de qualquer intervenção no Meio Ambiente local, e não para um seminário meramente intelectual.

​A partir de agora, nossa postura será mais contundente em relação às omissões governamentais sobre todas as mazelas ambientais. Historicamente o Estado de Goiás pouco tem feito pela região, estamos realizando ações efetivas e não apenas seminários descontextualizados da realidade local.

​A Sociedade Civil está agora, conecta, organizada e fortalecida. Não faremos mais vistas grossas e nem participaremos de encenações orquestradas. O momento pede ações efetivas urgentes. Convocamos os presentes a nos ajudar pela defesa do Cerrado. Vamos encerrando, pois agora vamos agir concretamente e seguir combatendo o fogo que ainda não foi contido.

​Como Guardiões e Guardiãs de Gaia, Pachamama, Mãe Terra, da Biodiversidade no Planeta, do Bioma Cerrado, das Águas veias da Terra e da Chapada dos Veadeiros, deixamos nosso manifesto intenso como o fogo ​que queima nosso Cerrado, Claro como o Céu da Seca e transparente como nossos Cristais.

Esse é um sinal de um cenário que precisa ser trasmutado e Somos Nós da Sociedade Civil Organizada que iremos pautar e refundar um novo Desenho Social , politico e territorial na Chapada dos Veadeiros

​Sociedade Civil Organizada em Defesa da Vida na Chapada dos Veadeiros