6 greves de mulheres pelo mundo que mudaram o curso da história
Mulheres sempre estiveram na resistência em luta por direitos. Confira 6 momentos em que elas entraram em greve e mudaram o curso da história no mundo.
Publicado originalmente em Pijama Surf, por Jimena O.
Mulheres são resistência! Pelo mundo, organizaram greves e lutaram por direitos iguais, melhores salários e condições de trabalho e contribuíram na luta pela democracia.
O 8 de março além de um dia de lembrar as mulheres que se moveram antes, se tornou um momento de lutas também. Em diversos países e cidades, mulheres param em um grande movimento chamado 8M!
Confira 6 momentos em que elas foram essenciais para mudanças:
1. Trabalhadoras da indústria do tabaco em Madri, 1857
A greve das 4000 trabalhadoras da Fábrica de Tabaco de La Coruña é considerada a vanguarda do movimento operário espanhol.
Numa segunda-feira, 7 de dezembro de 1857, as operárias deixaram seus postos de trabalho e foram para cima com tudo: destruíram escritórios, móveis e maquinário. Entre as razões que desataram a fúria das trabalhadoras estavam as jornadas de trabalho cada vez mais longas, as oficinas abarrotadas onde as mulheres trabalhavam em temperaturas extremas e o ritmo de produção exigido, cada vez mais rápido, tudo isso a salário cada vez menores.
Depois do exemplo das trabalhadoras do tabaco houve uma greve de marceneiras em 1880 e a paralisação das operárias do tabaco de Gijón em 1903.
2. Greve de Pão e Rosas em Lawrence, Massachussetts, em 1912
No começo do século 20, os operários da indústria têxtil nos EUA se movimentavam exigindo melhores condições de trabalho e melhores salários. As mulheres do setor começaram então a organizar seus próprios protestos. Em 11 de janeiro de 1912, as trabalhadoras da indústria têxtil, a maioria delas imigrantes, começaram uma paralisação que duraria dois meses e ficaria conhecida como “a greve do pão e rosas”. Formaram um cordão ao redor das fábricas, de forma que nem sequer a polícia podia entrar. Os vizinhos instalaram creches e refeitórios em apoio às trabalhadoras.
3. Dagenham, Inglaterra, 1968
Em 1968, a empresa norte-americana Ford tinha aproximadamente 55 mil trabalhadores na Inglaterra, dos quais 187 eram mulheres. Estas mulheres eram encarregadas de fazer o estofamento dos assentos dos carros. Apesar do número significativamente menor, estas operárias decidiram começar uma folga que durou três semanas para exigir sobretudo igualdade salarial, pois seus salários eram 92% menores do que os dos trabalhadores homens.
Em 1970, com o apoio do Partido Trabalhista, o Reino Unido aprovou a Lei de Igualdade Salarial, que entrou em vigor 5 anos depois em todo o país.
4. O dia livre das mulheres da Islândia em 1975
Até 1975, o salário dos homens islandeses era 40% mais alto que o das mulheres. Diante desta situação, 90% das mulheres trabalhadoras do país começaram uma greve que repercutiu em todo o país: conseguiram parar a atividade de bancos, escolas e fábricas. Os homens tiveram que ocupar os espaços vazios que as mulheres tinham deixado, tanto no trabalho como no lar. Como consequência deste movimento, cinco anos depois da paralisação a Islândia elegeu a primeira mulher presidenta: Vigdis Finnbogadottir.
5. Greve de fome das mineiras de La Paz, Bolívia, 28 de dezembro de 1977
Durante a ditadura de Hugo Banzer na Bolívia (1971-1978), houve quatro mulheres que encabeçaram um movimento que culminaria na queda do ditador. Luzmila de Pimentel, Nelly de Paniagua, Aurora de Lora e Angélica de Flores, todas elas esposas de dirigentes sindicais mineiros, junto com seus 14 filhos, se uniram à ativista Domitila Chungara, tomaram a arquidiocese de La Paz em 28 de dezembro de 1977 e se declararam em greve de fome. As reivindicações: anistia geral para os opositores do regime e convocação de eleições livres. Mais de 1500 bolivianos se uniram a esta greve de fome. Meio ano depois, o ditador Hugo Banzer renunciou. Estas cinco mulheres deram o primeiro passo para a democracia na Bolívia.
6. Bangalore, Índia, Garment Labour Union, 2002
Em 2002, as mulheres trabalhadoras das fábricas têxteis se uniram e formaram seu próprio sindicato, o Garment Labour Union. O GLU se propôs a reunir todas as trabalhadoras do setor têxtil para exigir melhores condições de trabalho e aumento do salário mínimo, o qual havia aumentado apenas 4 vezes em 45 anos. Um dos objetivos principais deste sindicato é conscientizar sobre os direitos trabalhistas das mulheres na Índia.