foto: Mona Marques

Um grupo de escritores lançou um manifesto no encerramento da Bienal Internacional do Livro no Rio de Janeiro neste domingo, junto a editores e membros da organização da Feira, contra a censura sofrida quando Marcelo Crivella, prefeito da cidade, mandou recolher a HQ Vingadores – Cruzada das Crianças, da Marvel, onde um casal gay se beija.

Além da tentativa de recolher essa obra, fiscais da prefeitura foram a feira para apreender outros livros com temática LGBT e tentativas de barrar o ato foram tomadas para que a Bienal seguisse. Felipe Neto, youtuber, comprou 14 mil exemplares de livros da feira e distribuiu no sábado em resposta a atitude censória e homofóbica de Crivella.

A Bienal do Livro do Rio de Janeiro reuniu, entre os dias 30 de agosto e 8 de setembro, 600 mil pessoas no Riocentro. Em 2019 o número de visitantes foi menor que na edição anterior, mas 4 milhões dos 5,5 milhões de livros disponíveis foram vendidos.

Manifesto assinado na Bienal do Livro do Rio

A Bienal Internacional do Livro Rio é a oportunidade que temos, a cada dois anos, para nos reunir, encontrar nossos públicos, nos inspirar e debater livremente sobre todo e qualquer tema, sem restrições e com empatia. Um evento de conteúdo qualificado e diverso, reconhecido nacional e internacionalmente como o maior festival cultural do Brasil.

Nos últimos dias, a Bienal se tornou um abrigo democrático, ao lado de 600 mil pessoas que prestigiaram o evento, contra as insistentes tentativas de censura. Se engana quem pensa que o alvo era a Bienal Internacional do Livro. O alvo somos todos nós cidadãos brasileiros, pois não precisamos ter quem determine o que podemos ler, pensar, escrever, falar ou como devemos nos relacionar. O brasileiro não precisa de tutor. Precisa de educação para que cada um possa fazer suas escolhas com consciência e liberdade.

Foi com alívio e muito orgulho que recebemos as duas decisões de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) neste domingo (8/9) impedindo que a Bienal Internacional do Livro continuasse sofrendo assédio à literatura e aos seus leitores. Do contrário, se criaria uma jurisprudência que colocaria todos os eventos culturais, autores, editoras e livrarias do Brasil à mercê do entendimento do que é próprio ou impróprio a partir da ótica de cada um dos 5.470 prefeitos do país.

Encerramos essa edição histórica da Bienal Internacional do Livro Rio com o coração cheio de orgulho e determinação. A Bienal não acaba hoje. Ela seguirá com cada um de nós todos os dias. O festival foi memorável. Deu voz e ouvidos a todos os públicos. Reuniu e celebrou a cultura junto com autores, artistas, pensadores, lideranças de movimentos sociais, pastor evangélico, monge zen-budista, jornalistas, acadêmicos, ativistas, chef de cozinha e muitos outros.

Viva a Bienal do Livro Rio! Via a cultura! Viva a liberdade e a democracia!!