Em tempos de Diss*, muitos likes, views e outros adereços, sim o Hip Hop Existe e Resiste!

MC Sharylaine

No segundo episódio da websérie Nossa Voz Ecoa, chamado “Hip Hop Resiste”, que vai ao ar amanhã (27) às 19h, no meu canal no Youtube, são as mulheres que dominam o espaço de fala. Além de SHARYLAINE, conversei com a DJ Simmone Lasdenas, a grafiteira Gaby Bruce, a atriz e cantora Dani Nega e a Batalha da Dominação: uma batalha de rap e poesias feita somente por mulheres. Porém, essas discussões não podem ficar somente entre nós, mulheres, portanto conversei com o B.Boy Cachorrão, de Santos, e com o rapper CRIOLO, hoje consagrado e reconhecido em todas as esferas da música brasileira.

‘O Hip Hop é uma cultura de resistência que resgata diversos jovens periféricos e os eleva a horizontes e espaços jamais vislumbrados por elas e eles.’ É assim que eu defino o que é o Hip Hop, quando me perguntam.

Surgido em meados dos anos 70, nos guetos dos Estados Unidos, se popularizou pelas periferias do mundo inteiro, chegando à São Paulo na década de 80. O Hip Hop foi, então, disseminado para todo o país, e tem crescido desde então, a cada ano. Mais que uma cultura, o Hip Hop é um movimento que tem como base quatro elementos artísticos: Break, DJ, MC e Graffiti cujas expressões reivindicam espaço de protagonismo e poder na sociedade brasileira, ainda tão racista.

Mesmo sendo uma cultura de minorias e direcionada às questões sociais, o Hip Hop segue machista. Os integrantes ainda duvidam do talento e capacidade das mulheres que, mesmo com toda dificuldade, ultrapassam barreiras para seguir adiante com seus sonhos e carreiras profissionais, fato que hoje no movimento muitas mulheres produzem, rimam, grafitam, discotecam e dançam por todo o Brasil.

A MC Sharylaine abre o episódio contando a história do Hip Hop paulista, a partir de um olhar feminista. Foi a primeira mulher a gravar um rap em uma coletânea composta somente por homens, e também contribuiu com a cena quando apresentou o grupo Racionais MC’s à uma gravadora, e, a partir disto que tornaram-se mais reconhecidos. Atualmente, Sharylaine está em plena atividade, cantando, compondo e interagindo com todas as gerações. Generosa, faz questão de compartilhar suas experiências com as novas MC atuantes na cultura, e é uma das principais referências viva, não só para as mulheres, ao lado de Dina Di e Nega Gizza, mas para toda a cultura Hip Hop, como explica outra grande representante feminina no rap brasileiro, a Rúbia, do RPW: “quem pesquisa Hip Hop e não entrevista Sharylaine, tá errado”

Na conversa com o Criolo falamos sobre autoestima, orgulho e resgate de crianças e jovens por meio dessa cultura de rua, sobre a ascensão das minas no movimento Hip Hop, de como ele conseguiu destacar suas origens, seu bairro, e também sobre como foi e é ser artista independente e sobreviver conciliando outras profissões, Muito coisa boa vem por aí!

Como disse o Criolo: “Libertação, Informação, Cultura. O Hip Hop é isso, é vida
Pode colar mas, sem arrastar
O que é mal é do homem e não dá cultura. Sejam todos bem vindos”

Assista amanhã, dia 27, às 19h, NOSSA VOZ ECOA | EP 02: “Hip Hop Resiste”.

INSCREVA-SE no meu canal no Youtube – PRETA-RARA.

Saudações Africanas,

_____

(*Diss: É uma canção criada com o único propósito de atacar verbalmente e insultar uma pessoa ou um grupo de cantores)

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Márcio Santilli

‘Caminho do meio’ para a demarcação de Terras Indígenas

Dríade Aguiar

Não existe 'Duna B'

SOM.VC

Gatunas: o poder da resistência e da representatividade na cena musical Paraibana

Jade Beatriz

CONAE: Um Marco na Revogação do Novo Ensino Médio

Ediane Maria

O racismo também te dá gatilho?

Bancada Feminista do PSOL

Transição energética justa ou colapso socioambiental: o momento de decidir qual rumo seguir é agora

FODA

A potência da Cannabis Medicinal no Sertão do Vale do São Francisco

Movimento Sem Terra

É problema de governo, camarada

Márcio Santilli

Caldeira oceânica

André Menezes

Claudia Di Moura por Claudia Di Moura: Uma atriz afro-indígena a serviço da arte

Dandara Tonantzin

Quem cuida das mulheres que cuidam?