foto: Miguel Buenrostro

Neste sábado, 19 de janeiro, uma manifestação da extrema direita patriota alemã contra a “islamização do ocidente” aconteceu na cidade de Weimar, na Turíngia, região central da Alemanha. Em resposta, grupos da esquerda comunista, antifascista, LGBTQI+ e comunidade internacional residente na cidade se uniram para uma pressão contrária em solidariedade aos imigrantes e refugiados.

Integrantes do bloco de carnaval República de Weimarllandra, composto por alunos brasileiros das universidades da Bauhaus e Hochschule für Musik Franz Liszt, e da Escola Popular, organização local que ensina batucada e capoeira, tiveram a ideia de utilizar uma tecnologia tipicamente brasileira para discussão de pautas políticas, problematização e tratamento de traumas sociais: o carnaval.

O protesto neo-nazi tinha previsão de duração entre a 14h e 17h, mas a partir da chegada da batucada no local, o discurso fascista, execução de hinos e demais manifestações de ódio foram completamente abafados pelo som da percussão e gritos entusiasmados dos presentes. O ato oficial foi encerrado uma hora e meia antes do previsto, sendo sucedido por uma festa de rua improvisada, com ampla participação de alemães e pessoas de outras nacionalidades.

 

“Precisamos lembrar que nós já detemos tecnologias discursivas e catárticas muito poderosas que deveríamos usar com mais frequência. Temos muito a ensinar para os europeus e pra gente mesmo. Foi maravilhoso ver que conseguimos mudar a energia de ódio que dominava o ambiente, transformando-a em algo construtivo, inclusivo e festivo ao introduzir um elemento da nossa herança cultural”, disse Suelen Calonga, uma das co-fundadoras do bloco e aluna do mestrado em Arte em espaços públicos e novas estratégias artísticas da Bauhaus-Universität.

 

 

O Teatro Nacional Alemão, que fica em frente ao local do ato, trocou o banner da programação por esse: “Teatro Nacional Alemão contra a direita”

Reportagem: Suelen Calonga, David Dines, Sarah Pacheco e Karina Almeida para Mídia NINJA