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No primeiro carnaval após a aprovação da Lei que tipifica o crime de importunação sexual e prevê de 1 a 5 anos de prisão, movimentos sociais, entidades de classe e poder público se unem para prevenir a violência contra mulher, bem como construir uma rede de apoio às vítimas.

Em Pernambuco, as Comissões de Direitos Humanos (CDH) e da Mulher Advogada (CDMA) da OAB-PE chamaram para si a responsabilidade e encabeçaram a campanha “Carnaval Sem Assédio: Se a Mulher Disser Não, Não Insista! ”, lançada na noite de ontem (19), no Recife. Segundo o presidente da CDH, Cláudio Ferreira, a iniciativa nasce da parceria com a startup Mete a Colher, coletivos feministas, Secretarias da Mulher do estado e do município e Polícia Civil.

“Essa campanha é uma campanha mais ampla de Direitos Humanos”, explica Cláudio Ferreira.

“Não é só aprovar a lei, é aprovar a lei e criar a cultura para que aquele crime não se torne o normal.”

“Nós agora estamos fazendo este ato momentos após a aprovação de uma lei que combate o assédio, mas se nós não fizermos esta lei funcionar do ponto de vista da incorporação da cultura, nós vamos estar de novo lamentando o aumento de casos. Não é isso que nós queremos, queremos evitar que ocorra, que este crime não se consuma, que o assédio não seja a regra”, completa Ferreira.

Fitinhas da Sororidade

Embaixadoras do Não é Não em Pernambuco, as feministas da startup Mete a Colher lançaram uma campanha virtual de financiamento coletivo para subsidiar a produção de tatuagens com a frase Não é Não e as fitinhas rosa da sororidade.

De acordo com Renata Albertim, Jornalista e uma das fundadoras do aplicativo Mete a Colher, “é para as mulheres usarem e começarem a se identificar no carnaval e, assim, uma ajudar a outra em situações de assédio e outras vulnerabilidades”.

Ainda conforme Albertim, este ano, a partir de uma campanha de financiamento coletivo, foram produzidas e serão distribuídas 100 mil fitinhas e 100 mil tatuagens durante o carnaval em Recife, em Olinda e nos polos festivos do interior do estado.

“Vemos uma vontade muito grande das mulheres, de querer de fato fazer dos seus corpos um ato político.”

“Porque é muito isso, você colocar a fitinha no punho, colocar uma tatuagem no seu peito, no seu corpo, é deixar nítida a mensagem que você quer passar: vou apoiar mulheres que estejam sofrendo violência porque eu não admito isso e vou dizer que não é não, e vão ter que entender por que eu não vou permitir ser assediada”, reforça Albertim.

Numa breve análise histórica, Renata Albertim conta que no primeiro ano foram 2000 mil fitinhas distribuídas. No ano passado, este número subiu para 5 mil tatuagens e 20 mil fitinhas da sororidade. Agora, vão as ruas com 100 mil unidades para ampliar a rede de informação, prevenção e apoio às vítimas de importunação sexual, assédio e estupro.