Paulo Guedes segue discurso fantasioso sobre superação da crise em evento com fintechs
Para Leonardo Avritzer, ministro da economia e seus apoiadores lucraram com a destruição da economia
Por Mauro Utida
No dia em que um menino de 11 anos ligou para a polícia na Grande Belo Horizonte para pedir comida dizendo que a “família estava com fome”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi ovacionado em sua apresentação no evento da XP Investimentos, em São Paulo, nesta quarta-feira (3), dizendo que “não acreditem nas narrativas, olhem para os fatos”. Em seu discurso, além de confessar que em seu governo o teto de gastos foi violado, ele declarou bravatas sobre “perspectiva de crescimento econômico” e “queda da inflação e do desemprego”.
O painel também contou com a participação de Rafael Furlanetti, o sócio-diretor institucional da XP, Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, e Junia Gama, analista de política da XP Investimentos. A fintech, ao contrário de outras importantes instituições financeiras do país ainda não assinou a Carta da USP em defesa da democracia, que já ultrapassou 700 mil signatários.
Para o cientista político e coordenador do Observatório das Eleições, Leonardo Avritzer, o ministro tenta inflar os resultados da sua gestão no governo Bolsonaro (PL) e é aplaudido por uma minoria de especuladores financeiros que “vivem em um universo paralelo”. “Guedes falou para o seu próprio universo de apoiadores, os poucos que lucraram com a destruição da economia brasileira nos últimos anos”, declarou.
Teto de gastos
No evento da XP Investimentos, Paulo Guedes confessou a “pedalada” que violou o teto de gastos, porém alegou que foi por um “motivo emergencial”, no caso, a pandemia de Covid-19, além da guerra na Ucrânia.
“Vocês falam assim: vocês violaram o teto? A resposta é sim, nós violamos o teto. O teto para impedir o crescimento do governo. Porque nós somos liberais, queremos reduzir o peso do governo. Então o teto é para não deixar subir o governo”, disse Guedes.
Veja o vídeo:
https://twitter.com/Metropoles/status/1554940246659416065
Economia
No evento da XP, Guedes afirmou que o Brasil “está condenado a crescer 10 anos seguidos” por causa das reformas feitas neste governo, como privatização de ativos públicos. Porém, o cientista político Leonardo Avritzer, rebate o ministro e diz que a economia do Brasil se encontra nos patamares de 2013, estagnada praticamente em uma década.
Outro fator que preocupa a economia é a inflação que está 8,4 pontos percentuais acima da meta de 3,5%, e analistas dizem que a guerra entre a Rússia e a Ucrânia deverá pressionar ainda mais a inflação no mundo, inclusive no Brasil. Para tentar controlar a inflação, o Banco Central elevou a taxa básica de juros, a Selic, para 13,75% ao ano, com reajuste de 0,5 ponto percentual, nesta quarta-feira (3). Os juros estão no maior patamar desde janeiro de 2017. A última vez que ficou acima deste nível foi em novembro de 2016, quando estava em 14% ao ano.
Já a taxa de desemprego recuou para 9,3% no 2º trimestre de 2022, porém a desocupação atinge 10,1 milhões de pessoas, conforme dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no dia 29 de julho. O número de empregos informais foi o maior da série histórica, iniciada em 2012.