O Feminino Viril!
O manifesto mais ácido para um outro feminismo que chuta uma quantidade extraordinária de baldes e lugares comuns sobre as mulheres e reivindica para si as vantagens inerentes a masculinidade e a virilidade.
O masculinismo e a virilidade podem sim ser apropriados e transformados pelas mulheres! Lendo e relendo em looping: Teoria King Kong, de Virginie Despentes, o manifesto mais ácido para um outro feminismo que chuta uma quantidade extraordinária de baldes e lugares comuns sobre as mulheres e reivindica para si as vantagens inerentes a masculinidade e a virilidade Leiam! O que nos diz Virginie é que temos:
O direito de ser desagradáveis. “O exercício direto do poder é aquele que nos permite chegar a qualquer lugar sem ter que sorrir para três fulanos quaisquer, esperando que nos contratem para tal posto ou que nos confiem alguma coisa. O poder que permite ser desagradável, exigir ir direto ao ponto. E esse poder não é mais vulgar se exercido por uma mulher do que por um homem. Espera-se que renunciemos a esse tipo de prazer em função do nosso sexo.”
O direito de comercializar e negociar nossos “encantos”. “O pacto da prostituição, “eu te pago você me satisfaz” é a base de toda relação heterossexual. Fingir que esse pacto é estranho a nossa cultura é uma hipocrisia. Muito pelo contrário essa relação é um contrato saudável e claro entre sexos. não precisa nem complicá-lo e nem culpabilizá-lo.”
O desafio de abandonar a “arte do servilismo” que diz que as mulheres não devem falar alto; não devem se expressar em tons categóricos; não devem sentar com as pernas abertas se for mais cômodo; não devem se expressar num tom autoritário; não devem falar de dinheiro; não devem conquistar poder; não devem ocupar um posto de autoridade; não procurar prestígio; não rir muito alto; não ser muito engraçada.” A lista de Nãos é infinita!
Enfim, as mulheres podem e devem se apropriar do masculinismo e da virilidade e que os estereótipos e caricaturas que proíbem e interditam essa operação são sim estratégias de dominação e assujeitamento. Não sejamos “compreensivas” com todxs os que diminuem nossas potências. Nem aceitar que nos elogiem pelo nosso servilismo (as mulheres sempre na base dos holofotes masculinos).
Pulei a parte da maternidade abnegada, mas a visão de Virginie Despentes é demolidora, e diz que se os homens parissem já tinham inventado algo equivalente a Ikea ou a Macintosh para cuidar de crianças e resolver a vida doméstica. : ) Também pulei a parte da vida punk, do estupro, dos sofrimentos, leiam o livro!
P.S. E mesmo que você não concorde, leia, porque novos pactos estão sendo fabulados e parece mesmo que são as mulheres que estão produzindo as melhores reflexões, inclusive sobre os homens e sobre a masculinidade.
P.S.2. Frase lapidar: “É ao mesmo tempo surpreendente e antiquado que um dominador venha choramingar que o dominado não faz direito a sua parte” (VD).