Por Tainá de Paula*

A luta da comunidade LGBTQIA+ tem um marco emblemático: a Revolta de Stonewall, em 1969, em Nova York. A ação foi desencadeada por um grupo de drag queens, travestis e homens gays que frequentavam a área próxima do bar Stonewall Inn (daí o nome), e decidiram confrontar a contínua violência policial da qual eram vítimas. Na época, agentes de segurança pública eram os maiores algozes da comunidade, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo.

Um dossiê realizado pelo Observatório de Mortes e Violências LGBTQIA+ no Brasil revela que, no ano de 2023, foram 230 assassinatos de pessoas LGBTQIA+, ou seja, uma morte a cada 38 horas. Não passamos nem dois dias sem que uma pessoa LGBTQIA+ perdesse sua vida no país.

O Brasil ainda é o país que mais mata homossexuais e transsexuais no mundo. Dos 142 assassinatos de pessoas trans, 80 eram negras (somatório de pretos e pardos, segundo o IBGE), e a grande maioria com idades entre 29 e 39 anos de idade, um período da vida que o adulto é considerado economicamente ativo, e uma das fases de maior produção intelectual e pessoal.

Apesar dos dados, também podemos falar de coisas boas. A comunidade LGBTQIAP+ registrou conquistas históricas, como o casamento homoafetivo, as possibilidades de adoção, registro de dupla maternidade ou paternidade, direito ao uso do nome social, dentre tantas outras políticas públicas. Agora não é hora de retroceder nem de parar o combate à homofobia, lesbofobia, transfobia.

Não queremos privilégios, o que exigimos é respeito. Respeito às nossas escolhas, aos nossos corpos, aos nossos espaços, às nossas conquistas. O passado nos mostra que só a luta nos traz vitórias, e a Revolta de Stonewall nunca foi e não será em vão. Vamos honrar cada um dos que sofreram violências, que perderam a vida, que se doaram para que pudéssemos chegar até aqui e gritar que não aceitaremos retrocesso. É tudo nosso!