Proibição anterior de homenagear figuras ainda vivas resultou na retirada de homenagens a 27 personalidades

A atriiz e cantora Zezé Mota e o cantor Gilberto Gil. Foto: montagem/redes sociais

Na última quarta-feira (5), a Fundação Palmares, por meio do governo Lula, revogou uma portaria emitida anteriormente pelo governo Bolsonaro que proibia homenagear figuras negras ainda vivas, restringindo as homenagens apenas a personalidades falecidas. A nova medida, assinada pelo presidente da fundação, João Jorge Rodrigues, suspendeu essa proibição e estabeleceu a criação de um grupo de trabalho para propor um novo texto.

A restrição anterior resultou na retirada de homenagens a 27 personalidades, incluindo a escritora Conceição Evaristo, os cantores Gilberto Gil e Martinho da Vila, bem como a atual Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Essa medida foi amplamente criticada por ativistas e políticos, que a consideraram uma forma de perseguição.

Durante seu mandato como presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo frequentemente atacou movimentos negros. Antes de assumir a posição, ele publicou em suas redes sociais que a escravidão havia sido benéfica para os descendentes dos escravizados.

Pelo contrário, o regime escravagista é o responsável pela origem das desigualdades sociais entre negros e brancos ainda presentes no Brasil.

João Jorge Rodrigues. Foto: Fundação Palmares

O atual presidente da Fundação, João Jorge Rodrigues, disse que a revogação dessa portaria simboliza respeito à sociedade brasileira.

“É um passo enorme, gigante pra sociedade brasileira, pro movimento negro, pro movimento social de ter seus personagens reconhecidos pela Fundação Palmares, cujo objetivo principal é preservar a cultura e a memória afro-brasileira. E satisfaz uma demanda que estava reprimida, que é de ter nomes importantes, como Martinho da Vila, Leci Brandão, Benedita (da Silva), Gilberto Gil, a própria ministra Margareth Menezes, em um panteão de personalidades que contribuíram com o Brasil”.

O texto com a revogação cria ainda um grupo de trabalho que vai analisar a inclusão de novos homenageados e a recolocação das personalidades que foram retiradas da lista.