Desde a última segunda-feira (4), o estado do Rio Grande do Sul vem enfrentando uma grave crise climática devido a chuvas intensas e inundações causadas por um ciclone extratropical. Até o momento, 43 pessoas foram confirmadas mortas e 46 estão desaparecidas, com a maioria das vítimas concentrada em Muçum, onde 30 pessoas ainda estão desaparecidas. As inundações devastaram cidades, derrubaram pontes, destruíram lojas e causaram sérios danos à infraestrutura do estado.

Segundo a Defesa Civil, mais de 340 mil pessoas foram afetadas em 88 municípios do Rio Grande do Sul. São 4.794 desabrigados – pessoas que necessitam de abrigo público – e 20.490 desalojados – pessoas que estão em outras residências. A situação continua sendo uma preocupação para as autoridades, que estão mobilizando esforços para ajudar as comunidades locais a enfrentarem essa crise.

Ajuda federal de R$ 741 Milhões

O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, anunciou uma ajuda federal de R$ 741 milhões para o Rio Grande do Sul. Os recursos serão distribuídos em diversos setores, incluindo R$ 26 milhões para o Ministério da Defesa desempenhar tarefas de resgate e logística, R$ 80 milhões para o Ministério da Saúde, R$ 116 milhões para reconstrução de uma parte da BR 116, R$ 125 milhões para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), R$ 195 milhões para construção de moradias, e R$ 185 milhões para ajuda humanitária e reconstrução de infraestrutura.

Medidas de assistência à população afetada

O governo federal também anunciou medidas de assistência direta à população atingida, incluindo o saque do FGTS de até R$ 6.220 para as pessoas impactadas pelas chuvas. Além disso, o Bolsa Família será antecipado para os afetados no próximo dia 18 e o Benefício de Prestação Continuada será antecipado para o dia 25. As prefeituras receberão R$ 800 por habitante afetado, e também será liberado o valor de um salário mínimo pelo BPC, a ser pago em até 36 meses sem correção.

Foto: Marinha do Brasil

Situação de calamidade pública

Com a gravidade da situação, é previsto que o número de municípios com reconhecimento do estado de calamidade pública aumente de 79 para 88, de acordo com um decreto a ser publicado nesta segunda-feira (11). O cenário de chuvas permanece em diversas regiões já afetadas.

Mudanças climáticas

As fortes chuvas, inundações e as consequentes devastadoras, estão alinhadas com os crescentes desafios das mudanças climáticas que afetam regiões em todo o mundo. Embora as autoridades não atribuem diretamente um evento climático específico às mudanças climáticas, a frequência e a intensidade desses eventos extremos têm sido cada vez mais associadas às alterações no clima global.

A inação dos governos locais em relação às mudanças climáticas é uma preocupação significativa nesse contexto. A falta de medidas preventivas, como o desenvolvimento de infraestrutura de drenagem e controle de enchentes adequada, pode tornar as comunidades mais vulneráveis a eventos climáticos extremos. Além disso, a ausência de políticas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa contribui para o agravamento das mudanças climáticas, tornando esses eventos mais frequentes e intensos.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB-RS), afirmou que “foi pego de surpresa”. Essa afirmação foi rebatida pelo jornalista André Trigueiro, em uma entrevista ao vivo com Leite durante um jornal da Globo News. Trigueiro afirmou que existe formas de mitigar o impacto de eventos climáticos extremos, e que, as autoridades do Rio Grande do Sul tinham conhecimento há cinco meses da formação de uma massa como a de um ciclone, e que poderia impactar diretamente a infraestrutura do estado, além de ser uma ameaça à vida.