Mauro Cid afirma que Bolsonaro queria esconder alvos da PF no Alvorada, revela UOL
A Polícia investiga se outras pessoas foram beneficiadas pelo ex-presidente. Agora inelegível, Bolsonaro enfrenta acusações de tentativa de golpe de estado
Em mais um trecho da delação premiada de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens revela que o ex-presidente Jair Bolsonaro criou um plano para abrigar indivíduos investigados pela justiça brasileira no Palácio da Alvorada durante seu mandato. O depoimento foi revelado ao UOL.
Segundo informações publicadas pelo jornalista Aguirre Talento, Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Bolsonaro teria considerado a possibilidade de esconder no Palácio da Alvorada pessoas que estavam sob investigação da Polícia Federal (PF) devido a suas ações ligadas a ataques contra as instituições democráticas, e uma tentativa de invasão à sede da Polícia Federal, além de depredação e incêndio de patrimônio público.
Uma das figuras mencionadas no depoimento foi o influenciador Oswaldo Eustáquio, conhecido por seu envolvimento em manifestações em Brasília contra o resultado das eleições e sua presença em frente ao Quartel-General do Exército. De acordo com as informações de Cid, Bolsonaro discutiu abrigar Eustáquio na residência oficial da Presidência da República, como parte de um plano para proteger aliados. No dia 27 de outubro, Eustáquio foi recebido pessoalmente por Bolsonaro no Palácio.
Além de Eustáquio, Mauro Cid também afirmou que o ex-presidente teria avaliado a possibilidade de conceder asilo a Bismark Fugazza, um youtuber que teve um mandado de prisão emitido em dezembro pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Fugazza fugiu para o Paraguai, onde Eustáquio entrou com um pedido de refúgio, e foi localizado pela Polícia Federal na Espanha.
Cid alega que Bolsonaro inicialmente concordou com a ideia de abrigar Eustáquio e Fugazza no Palácio da Alvorada, mas posteriormente mudou de ideia devido ao potencial risco legal associado a essa ação. A fim de evitar que o paradeiro de Eustáquio fosse rastreado, o ex-presidente teria autorizado um veículo oficial a transportá-lo para outro local.
A Polícia investiga se outras pessoas foram beneficiadas pelo ex-presidente. Agora inelegível, Bolsonaro enfrenta acusações de tentativa de golpe de estado.