Mais de 40 artistas estiveram hoje no Congresso Nacional em encontro com o presidente da casa, senador Rodrigo Pacheco, como parte da mobilização contra o Pacote da Destruição. Na ocasião, Caetano Veloso entregou uma carta escrita com os demais artistas e diversos integrantes de organizações civis posicionando-se contra uma série de leis antiambientais que estão em discussão no Congresso Nacional.

O encontro é antecedido ao Ato Pela Terra que reúne artistas e ativistas em frente na Esplanada dos Ministérios. Confira ao vivo.

“Nós dois particularmente temos motivos de sobra para nos preocupar com o meio ambiente”, disse Caetano ao senador, ao ler a carta dos artistas, mencionando as últimas tragédias e crimes ambientais no país.

“A razão por que um cantor e compositor de canções lhe dirige essas palavras é a notável identificação que os artistas têm com o tema do meio ambiente. Muitos artistas que não se veem agindo com motivações explicitamente políticas, se reconhecem na causa ambiental”, disse o cantor. “Ouso dizer que isso se deve a natureza abrangente e mesmo sublime da questão ecológica. Os poemas, quadros, estátuas, filmes, romances, sinfonias, canções, não tratam de outra coisa”.

Sônia Guajarara, da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), reforçou ainda sobre a ameaça constante contra a vida dos povos indígenas. “Nós sabemos as dores de uma guerra porque nossos territórios sempre foram invadidos e saqueados. Há 522 anos a Mãe Terra é estuprada pra saquearem dela minérios, diamantes, ouro e agora o potássio com essa desculpa de que a guerra não vai poder fornecer fertilizantes para o agronegócio”, disse.

A liderança indígena faz referência especificamente ao Projeto de Lei (PL) 191/2020, que trata da mineração em terras indígenas. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), afirmou que a urgência do projeto deve ser votada essa semana. Aprovar a urgência significa que o PL não passa por tramitação, com discussões em comissões. O governo Bolsonaro tem como objetivo acelerar a votação em tempo recorde e usa a Guerra na Ucrânia como desculpa, por conta da dependência brasileira do potássio.

Foto: Midia NINJA

“Eu estou aqui porque não acredito que Vossa Excelência vai se deixar enganar por esse subterfúgio de que é preciso liberar a mineração nas terras indígenas pra atender essa ganancia das multinacionais”, disse Sônia. “Nós sabemos que há potássio no Sul e Sudeste mas eles querem a legalização da mineração pra poder derramar sangue nos territórios da Amazônia”.

Daniela Mercury disse sobre a importância da liberdade de expressão dos artistas em relação ao tema. “A gente está aqui pra dizer que a sociedade civil não concorda com o que está acontecendo no Congresso Nacional e evitar que esses projetos de lei avancem, nem que a gente tenha que dormir aqui e ir à casa de cada um dos senhores”, disse a cantora.

Foto: Midia NINJA

Por telefone, Chico Buarque também fez questão de dar seu recado. Em ligação por vídeo, o cantor disse que estava atento às proposições que foram aprovadas na Câmara dos Deputados e chegaram ao Senado. “Não se trata de preconceito. Ninguém é contrario ao agronegócio em si, mas à falta de limites e à ganância desenfreada dos negociantes”, disse. “Alguns projetos já passaram na Câmara mas tenho certeza que o Senado vai impedir ou pelo menos adiar no que for possível esses projetos”.

Artistas como Seu Jorge, Christiane Torloni e Nando Reis também deram seus depoimentos.

Foto: Midia NINJA

Foto: Midia NINJA

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