
Juliana Cardoso alerta: Brasil não pode sediar COP30 com retrocessos ambientais
Câmara aprova lei que ameaça biomas e põe em risco a vida no planeta
Na nota “COP 30 no Brasil exige coerência”, a deputada federal Juliana Cardoso (PT-SP) denuncia a aprovação do Projeto de Lei 2159/2021, apelidado de “PL da Devastação”, como um grave retrocesso ambiental em pleno ano em que o Brasil se prepara para sediar a COP30, a maior conferência climática do mundo. Segundo a parlamentar, o projeto fragiliza o licenciamento ambiental e ameaça os biomas e povos tradicionais ao institucionalizar a impunidade em crimes ambientais. Juliana cobra coerência entre o discurso internacional do governo e suas ações internas, e apela ao presidente Lula para que vete o projeto, reafirmando o compromisso do país com a justiça climática, os direitos indígenas e a proteção dos territórios.
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O Brasil tem diante de si uma oportunidade histórica com a realização da COP 30 em Belém, capital do Pará, em novembro de 2025. É a hora de demonstrar protagonismo político da agenda climática global — porém, essa liderança se sustenta apenas se houver coerência entre discurso e ação concreta. Como representante de um País que abriga a maior floresta tropical do planeta, afirmo: sediar essa conferência exige responsabilidade ambiental interna e respeito às populações tradicionais.
Dados oficiais mostram que o desmatamento na Amazônia Legal caiu 30,6% entre agosto de 2023 e julho de 2024, marcando o menor índice desde 2015 — cerca de 6.288 km² destruídos em 12 meses. A queda segue o compromisso do governo Lula de erradicar o desmatamento ilegal até 2030, com a contratação de 800 novos agentes ambientais federais e o reforço do Fundo da Amazônia.
É neste contexto que aparece o Projeto de Lei 2159/2021, o chamado PL da Devastação, aprovado no dia 16 de julho, em uma votação na calada da noite, na Câmara dos Deputados e Deputadas.
O texto desmonta o licenciamento ambiental, cria mecanismos de autodeclaração automatizada e reduz o controle técnico sobre projetos potencialmente danosos. Especialistas do Observatório do Clima alertam que ele institucionalizou a impunidade e fragiliza os biomas e as comunidades tradicionais. Esse PL é um grave retrocesso, capaz de abrir caminho para tragédias como a de Mariana e Brumadinho, ambas em Minas Gerais.
Nesse cenário, devemos perguntar: como liderar discussões globais sobre clima enquanto o Congresso Nacional aprova leis que ameaçam nossos rios, florestas, terras e povos? É uma contradição inaceitável.
A luta ambiental é também a luta pela vida dos povos indígenas, guardiões centenários dos nossos biomas. Se destrói o território, destrói a cultura, a integridade e a sobrevivência dessas comunidades.
Assim, faço um apelo ao presidente Lula: vetar esse PL da Devastação. Mostre coerência entre nossas ambições internacionais e nosso compromisso com a soberania nacional e os direitos dos povos indígenas.
A COP 30 pode ser o marco da afirmação de um Brasil comprometido com um mundo sustentável, mas isso exige firmeza interna. É hora de escolher um lado: ou continuamos de corpo e alma na defesa da vida e do planeta, ou assistimos ao colapso climático legislado.
Seguiremos lutando por justiça ambiental, democracia climática e soberania dos territórios.