Karim Aïnouz lança simultaneamente os longas ‘Marinheiros das Montanhas’ e ‘Nardjes A.’ nos cinemas em setembro
O primeiro mergulha nas raízes argelinas do cineasta, enquanto o segundo acompanha um dia na vida de uma militante
Um dos mais prestigiados cineastas brasileiros da atualidade – dentro e fora do país –, Karim Aïnouz volta ao circuito no dia 28 de setembro, com dois novos longas-metragens. Depois de exibir “Firebrand” – seu primeiro filme em língua inglesa, com Jude Law e Alicia Vikander – na última edição do Festival de Cannes, o diretor agora leva aos cinemas nacionais os documentários “Marinheiro das Montanhas” e “Nardjes A.”.
“É uma alegria muito grande ter dois filmes no circuito nacional. Esses filmes foram gestados em um mundo pré-pandêmico e foram concluídos durante a pandemia. Fico muito feliz de lançá-los agora nos cinemas porque terminaram sendo represados por conta disso”, afirma Aïnouz.
“Também acho curioso o lançamento conjunto, nesse momento em que estamos paulatinamente entendendo o trauma a que fomos submetidos, porque os longas falam de utopia e da capacidade de sonhar outros mundos. Enquanto ‘Marinheiro das Montanhas’ fala de utopia a partir da minha história pessoal, que é muito ligada à revolução da Argélia dos anos 60, ‘Nardjes A.’ gira em torno de um movimento de emancipação da juventude argelina de agora.”
Considerado o projeto mais pessoal de sua carreira, “Marinheiro das Montanhas” integrou a programação de importantes festivais ao redor do mundo, incluindo uma aclamada passagem por Cannes, em 2021. O documentário narra a jornada do cineasta pela Argélia, onde investiga a história do pai, um homem que só conheceu por fotografias, para compreender as suas próprias origens.
“É um filme íntimo, delicado e quase experimental, espero que o público embarque nele de corpo e alma”, afirma Aïnouz, que está na fase final das filmagens de “Motel Destino”, no Ceará, e se prepara para rodar o seu segundo longa internacional, “Rosebushpruning”.
Exibido no Festival de Berlim, em 2020, “Nardjes A.” foi filmado com um smartphone justamente durante a pré-produção do longa acima citado, em uma viagem do diretor a Argel, capital do país africano. Nele, Karim acompanha um dia na vida de uma ativista enquanto ela se junta aos milhares de manifestantes que vão às ruas para derrubar o regime que os silenciou ao longo de décadas.
“Eu queria que esse filme fosse ousado, alto, barulhento, rápido e voraz, como as manifestações que invadiram as ruas de Argel. Os protestos ressoaram para além da Argélia. Foi emocionante testemunhar aqueles eventos que vinham carregados de uma força e alegria contagiantes. A gente fala de uma geração que teve seu futuro roubado, mas ainda encontra na esperança um lugar fértil para imaginar o amanhã. Pensando no nosso mundo hoje, a Argel de 2019 está em todo lugar”, reflete o diretor premiado na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes, com “A Vida Invisível”, em 2019.
Sobre “Marinheiro das Montanhas”
“Marinheiro das Montanhas” é um diário de bordo realizado na primeira viagem do cineasta ao país de origem de seu pai, a Argélia. O processo de conclusão do projeto se deu durante a pandemia, quando o diretor se debruçou sobre o material filmado em janeiro de 2019, data da sua travessia de barco pelo Mar Mediterrâneo até o país, antes de seguir até Cordilheira do Atlas, no norte da nação africana.
“Com ‘Marinheiro das Montanhas’, eu quis correr o risco que a maturidade e a experiência me permitem. Antes de tudo, um risco artístico ao me distanciar do que sei, abrindo o projeto ao inesperado. O risco também de me ver enfrentando minhas origens”, reflete Karim.
O documentário é todo narrado por Karim, em forma de uma carta para a já falecida mãe, Iracema, que ocupa o lugar de uma companheira imaginária de viagem. Enquanto relata e comenta episódios da jornada, reativa memórias familiares e revela os muitos sentimentos contraditórios que marcam o seu percurso.
Do susto no desembarque – quando, pela primeira vez na vida, não precisou soletrar o nome – até a chegada na aldeia onde seu pai nasceu e foi criado, o diretor expressa com honestidade as suas impressões e descobertas na viagem ao país africano.
O longa é uma produção da VideoFilmes, com coprodução da Globo Filmes, Globo News, em associação com MPM Film, Big Sister, Watchmen e Cinema Inflamável, e distribuição da Gullane. “Marinheiro das Montanhas” conta ainda com a colaboração do Projeto Paradiso, iniciativa filantrópica que, através do programa Brasil no Mundo, apoiou a participação do filme na 74ª edição do Festival de Cannes.
Assista ao trailer do filme:
Sobre “Nardjes A.”
Karim Aïnouz realizou a produção de “Nardjes A.” durante as manifestações que tomaram conta da vida política da Argélia, em 2019. Com um smartphone, o diretor faz um retrato íntimo de uma ativista que luta por um futuro democrático no país. Em meio a crises globais, o documentário simboliza o ardor das jovens gerações de 2020 que invadiram as ruas exigindo tempos melhores em todo o mundo.
“Nardjes A.” é uma coprodução entre Alemanha (Watchmen Productions), França (MPM Film), Argélia (Show Guest Entertainment), Brasil (Cinema Inflamável e Canal Brasil) e Qatar (Instituto de Cinema de Doha) e a distribuição é da Gullane.
Assista ao trailer do filme: