Hoje, quarta-feira (26), em sua audiência geral diante dos peregrinos na Praça São Pedro, no Vaticano, o Papa Francisco se dirigiu aos brasileiros e fez uma prece: “peço a Nossa Senhora Aparecida que proteja e cuide do povo brasileiro, que o livre do ódio, da intolerância e da violência”.

O clima no Brasil tem sido de intolerância e violência contra fieis católicos. No dia 12 de Outubro, Dia de Nossa Senhora Aparecida, em uma celebração em seu Santuário, jornalistas foram hostilizados por apoiadores de Jair Bolsonaro vestidos com camisas amarelas. Na ocasião, os bolsonaristas também abordaram uma pessoa vestindo vermelho, vaiaram o arcebispo que falava de fome e perseguiram na sacristia um padre que pediu silêncio diante da tentativa de transformar uma missa num ato de campanha. “Hoje não é dia de pedir voto, é dia de pedir benção”, afirmou o padre durante a cerimônia.

Apesar do Papa não ter mencionado diretamente o presidente brasileiro, a mensagem está diretamente ligada  ao contexto atual do país. Nas eleições de 2022, a questão da religião foi um dos motes principais das campanhas presidenciais e apoiadores de Bolsonaro tem feito investidas contra padres que defendem valores como a igualdade e a fraternidade.

Dom Odilo Scherer, cardeal e arcebispo metropolitano de São Paulo, foi um dos alvos dos ataques bolsonaristas e disse que o momento se parece com os tempos da ascensão do fascismo ao poder. “É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora!”, declarou o líder religioso.

Os Bispos do Diálogo pelo Reino, composta por líderes de igrejas católicas do Brasil, divulgaram uma carta, na segunda-feira (24), ressaltando a gravidade do momento atual e se posicionando abertamente contra o atual governo. “O segundo turno das eleições presidenciais de 2022 nos coloca diante de um dramático desafio. Devemos escolher, de maneira consciente e serena, pois não cabe neutralidade quando se trata de decidir sobre dois projetos de Brasil, um democrático e outro autoritário”, diz trecho do documento. 

Beatificação brasileira

O Pontífice também mencionou a beatificação de Benigna Cardoso da Silva, que aconteceu na segunda-feira (24), no município de Crato, tornando-a a primeira beata do Ceará e quarta mártir no Brasil. A menina foi assassinada em 1941, aos 13 anos, depois de se recusar a ter relações sexuais com um homem de sua cidade. Benigna se tornou um símbolo de resistência e da luta contra a violência sexual e contra o feminícidio. 

“Queridos irmãos e irmãs, anteontem, em Crato, no estado brasileiro do Ceará, foi beatificada Benigna Cardoso da Silva, uma jovem mártir que, seguindo a palavra de Deus, manteve pura a sua vida, defendendo a sua dignidade. Que o seu exemplo nos ajude a ser generosos discípulos de Cristo. Um aplauso à nova beata”, disse o Papa Francisco em seu discurso.