A transposição do Rio Itapanhau em Bertioga, no litoral de São Paulo, é um projeto do governo do Estado de São Paulo, idealizado para desviar água em direção a capital paulista. O plano é levar água na bacia do Itapanhu, que reúne os rios Sertãozinho e Itapanhu, para o reservatório de Biritiba Mirim, que integra o sistema Alto Tietê.

O avanço da intenção de transposição revoltou a população local, que realizou neste final de semana um ato contrário a obra.

“O problema é que a falta gestão da SABESP, com recursos disponíveis como a represa Billings e com as perdas resultante de vazamentos de água tratada, gera a crise no abastecimento. Mexer em outro rio, sem estudos prévios pode ser perigoso”, conta Ícaro Camargo, um dos organizadores do ato.

O rio Itapanhaú nasce em Biritiba Mirim, no alto da serra do mar, e deságua no canal de Bertioga, litoral norte. Foto: Prefeitura de Bertioga

Ícaro aponta que não há clareza do impacto que uma obra de tal porte pode causar no ecossistema. “Mudar a vazão de uma bacia que está em contato com o canal de Santos, que tem influência de maré, pode tornar sua água mais salgada. Isso altera todo o ecossistema do rio, além do fato que Riviera de São Lourenço e Bertioga captam diretamente do rio para o abastecimento local, e a alteração da vazão de água doce pode prejudicar uma comunidade inteira.”

Mais de mil pessoas participaram da ação, que cruzou a cidade por terra e por água pedindo “Não a transposição” dias depois da CODEMA revogar a autorização para licenciamento da obra, concedido em 2016. Além da mobilização da sociedade civil, prefeitos e vereadores, além da comunidade indígena participaram do ato e seguem em acompanhamento também jurídico da ação de licenciamento ambiental.