Dia 5 de setembro é celebrado o Dia da Amazônia. Esta data foi instituída pelo então regente brasileiro D. Pedro II, em 1850, em homenagem à data de criação da província do Amazonas. Desde então, existe uma verdadeira guerra entre sociedade civil organizada e criminosos que tentam, a todo custo, acabar com a maior reserva de biodiversidade do mundo.

Entre os anos de 2019 e 2022, a perda florestal na Amazônia foi de 35.193 km², que supera as áreas de estados como Sergipe (21 mil km²) e Alagoas (27 mil km²). O período coincide com o desgoverno do ex-presidente Jair Bolsonaro, que costumava desacreditar dados sobre o desmatamento e, como disse seu ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, tentaram “passar a boiada” na Amazônia. Este foi o maior percentual de desmatamento nos últimos 15 anos, segundo o relatório divulgado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Somente em 2022, a floresta amazônica perdeu o equivalente a 3 mil campos de futebol por dia. Esta prática bolsonarista revela mais um lado perverso do grupo político que esteve no poder nos últimos quatro anos.

Por outro lado, depois de cinco anos de altas consecutivas nos índices de desmatamento na Amazônia, o primeiro semestre de 2023 registra queda de 33% na devastação do bioma em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo um levantamento realizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Mesmo o mês de junho, historicamente com o maior risco de queimadas naturais devido ao tempo seco, também registrou queda de 41% nos níveis de desmatamento, em relação a 2022.

Não é à toa que esta redução veio após a posse do presidente Lula, que foi o primeiro a criar o Ministério dos Povos Indígenas, que são um dos maiores responsáveis pela preservação da Amazônia brasileira. Por falar em indígenas, eles também foram abandonados nos últimos quatro anos pelo ex-presidente e basta lembrar a situação sub-humana que indígenas Yanomamis, em Roraima, foram encontrados em janeiro deste ano. Mais de cinco mil pessoas em situação de insegurança alimentar grave, passando fome, por descaso e falta de aplicação das políticas públicas voltadas para eles.

Ainda em 2022, como presidente eleito, Lula defendeu a preservação da Amazônia na COP27, conferência do clima da ONU, realizada no Egito, chamando à responsabilidade os países desenvolvidos do norte global para injetarem recursos para preservação do bioma. Ele ressaltou também que não há segurança climática sem a Amazônia protegida.

Mais recentemente, no encontro dos Bric’s, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Lula fez forte discurso contra o que ele chama de neocolonialismo verde, que impõe barreiras comerciais ambientais, com atitudes discriminatórias, sob o pretexto de proteger o meio ambiente. Ele tem travado uma guerra cobrando o cumprimento das metas ambientais por parte dos europeus, batendo de frente com os argumentos apresentados pelos países do continente de exigir que os países do hemisfério sul cumpram requisitos ambientais para negociações mercantis. Lula tem sido enfático na defesa e cobrado atuação de países desenvolvidos no processo de preservação da Amazônia.

O bioma Amazônia, com sua biodiversidade pujante – são mais de 45 mil espécies de fauna e flora -, está presente em oito países da América do Sul, é um dos biomas com proteção especial no Marco Global da Biodiversidade, é uma das principais (se não a principal) florestas tropicais do mundo e território habitado por diversos povos indígenas e outras comunidades tradicionais (como quilombolas e ribeirinhos). É a umidade da Amazônia que garante que o Sudeste brasileiro seja um “quadrilátero afortunado” de vida e verde, ao contrário de outras regiões da mesma latitude, que são desérticas. O Dia da Amazônia de 2023 marca a retomada das políticas públicas e da cooperação regional sobre a proteção da biodiversidade e dos modos de vida do bioma. O Brasil voltou, e voltou a preservar e reconstruir sua maior floresta.

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