Por: Patrick Simão / Além da Arena

O St. Pauli está de volta à Bundesliga, a primeira divisão da Alemanha! E porquê é tão importante destacar essa notícia? Porque este não é somente um clube de futebol, mas sim uma identidade, resistência e símbolo progressista anticapitalista em meio a um futebol cada vez superfaturado.

Mas o que faz esse clube, no subúrbio de Hamburgo, ser tão diferente? Essa história começa no início dos anos 80, quando a equipe mudou de localização na cidade, ficando próximo de uma área mais alternativa, punk e progressista, que logo abraçou o time, construindo uma nova identidade na equipe alemã.

O St. Pauli foi o primeiro clube do país a banir os nazistas de sua torcida. Neste período, os hoolingans, organizações de extrema-direita, causavam uma epidemia de xenofobia e racismo nos estádios. Esse é um processo que voltou a ser crescente nos últimos anos, o que torna ainda mais importante o retorno do St. Pauli à primeira divisão.

O clube adotou para si uma bandeira com símbolo de pirata, virou um fenômeno cult e atraiu novos torcedores, transformando o clube numa identidade progressista durante os anos 80. As ações institucionais do clube também foram nesse sentido: eles lutam contra injustiça e são pioneiros em muitos posicionamentos.

O clube foi o primeiro das principais divisões da Alemanha a ter uma dirigente mulher, tendo uma participação feminina cada vez maior em suas decisões. Além disso, apoia o movimento LGBTQIAPN+, com bandeiras e também com o combate ao discurso homofóbico. Entre 2002 e 2010, o clube teve um presidente declaradamente gay, Corny Littman, que levou a equipe de volta à 1ª divisão.

O St. Pauli e seus torcedores se posicionam como uma resistência anticapitalista. A torcida se funde com as escolhas institucionais, com a sede da equipe e seu entorno terem imagens e mensagens contra o capitalismo, fascismo, racismo, machismo e LGBTfobia. Estes lemas fazem parte da constituição oficial do clube.

Os contextos sociais e políticos se fundem com o futebol, e o St. Pauli representa isso. A torcida respira futebol e o clube vai além do esporte: é uma identidade própria, símbolo de resistência e luta!