Na última segunda-feira foi comemorado o Dia da Imprensa, instituição fundamental para a solidez dos regimes democráticos e que no Brasil tem sido vítima de ataques diuturnamente perpetrados por Bolsonaro e seguidores. A data, celebrada em 1º de junho, torna-se ainda mais importante neste momento crucial para manutenção dos valores republicanos e ambiente democrático no País, vilipendiados em nome de interesses familiares e de amigos do presidente.

A escalada autoritária de Bolsonaro e seguidores contra a imprensa ultrapassou quaisquer limites aceitáveis, desencadeando ondas de ataques que incluíram agressões físicas a profissionais no exercício da profissão, assegurada no artigo 220 da Constituição Federal. Paralelamente, o incremento do uso da desinformação e fake news, especialmente direcionadas contra os poderes constituídos e as instituições do Estado, com o objetivo único de desestabilizar o debate político.

Os ataques direcionados a jornalistas antes circunscritos às redes sociais ganharam as ruas justamente quando Bolsonaro vê sua popularidade derreter e a aprovação do seu governo cair a índices recordes na sequência história de avaliação presidencial iniciada com a redemocratização em 1988. A falta de um plano para lidar com a pandemia do novo Coronavírus que já matou mais de 30 mil brasileiros e infectou outros 500 mil escancarou a incompetência de Bolsonaro.

Embora inadmissível, não é surpreendente que Bolsonaro eleja a imprensa como o inimigo da vez a ser combatido. Sua estratégia política é umbilicalmente dependente da criação de inimigos imaginários e falsificação da realidade. Por meio de simulacros, tenta desviar a atenção pública para debates inócuos enquanto desmonta o Estado e violenta as instituições.

As últimas semanas foram de incredulidade para quem acompanha o cenário político brasileiro. A divulgação do vídeo de uma reunião ministerial comandada por Bolsonaro explicitou a agenda antipovo do governo. Poderosas redes de disseminação de fake news parecem estar na mira das autoridades com operações da Polícia Federal contra suspeitos de envolvimento no esquema. Antigos apoiadores do presidente vieram à imprensa denunciar a família.

A sociedade civil, diferentemente das instituições, não assiste passiva à escalada autoritária e começa a se organizar contra os ataques de Bolsonaro à Democracia e radicalização de sua base de apoio, agora formada por milícias armadas, a exemplo do acampamento 300 do Brasil erguido na Esplanada dos Ministérios. Neste sentido, diferentes iniciativas surgiram no intuito de aglutinar apoio e unir forças para impedir a ruptura institucional perseguida por Bolsonaro e apoiadores.

Profissionais da imprensa contam agora com uma cartilha feita pela Ordem dos Advogados (OAB) do Brasil em conjunto com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) para instruir a categoria no caso de ataques. Lideranças de oposição na Câmara dos Deputados e Senado Federal realizarão ato virtual conjunto na quarta-feira, 3 de junho, em defesa da liberdade de imprensa e dos jornalistas. Uma ampla articulação contra o obscurantismo bolsonarista. A partir desse ato estaremos vigilantes para que nenhum direito da imprensa seja violado.

Coletivos de comunicação e comunicadores populares não estão de fora do esforço para manutenção da Democracia. A Mídia NINJA, por exemplo, inaugura no sábado, dia 6 de junho, sua Casa NINJA Amazônia, centro digital de mobilização, debates e construção de alianças para reflexão das potencialidades da região amazônica e outros biomas brasileiros, apontando para um futuro de desenvolvimento sustentável e com oportunidades para as populações locais.

Cidadãos e cidadãs brasileiras se uniram em torno do #Somos70Porcento, alusão ao contingente populacional que defende a normalidade democrática. Como se vê, os arroubos totalitários de Bolsonaro não encontram eco na sociedade. Sua aventura antidemocrática não prosperará.

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