Projeto de Lei contra as ‘fake news’ ameaça liberdade de expressão
Coalizão Direitos da Rede denunciou Conselho de Comunicação do Congresso Nacional por debate sobre projeto de lei que fere constituição.
O Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional (CCS) se reuniu na tarde desta segunda-feira (5) para elaboração de um parecer acerca do projeto de lei que trata de punição para quem produzir e veicular notícias falsas, as chamadas “fake news”. Isso vai contra o regimento da CCS, a quem não confere a competência para analisar previamente o mérito de futuros projetos de lei antes que estes sejam protocolados com a identificação de sua autoria.
A denúncia foi feita pela Coalizão Direitos na Rede, que adiantou ser contra não apenas a reunião desta segunda, mas também em relação ao teor do projeto em debate.
De acordo com a organização, a proposta em análise altera dispositivos do Código Penal e Eleitoral, bem como insere modificações no Marco Civil da Internet. “Além de tornar crime a propagação de notícias falsas, o projeto de lei ainda prevê a remoção de conteúdo na internet sem decisão judicial que a justifique”, denunciou Bia Barbosa, da Coalizão Direitos na Rede. O texto contendo a posição da organização afirma explicitamente que “o crivo judicial, tal como previsto no Marco Civil , é fundamental para que a ponderação entre liberdade de expressão e danos à honra ocorra de forma equilibrada por autoridade judicial”.
Outra denúncia da Coalizão é a tentativa de alterar a legislação sem um amplo debate popular. “Trabalham em medidas que restringem a liberdade de expressão sem a participação da sociedade civil”, reclamou Bia Barbosa. “Fora o fato de o CCS se reunir para debater um projeto que não tramita no Congresso Nacional, um projeto que sequer foi apresentado”, continuou.
Embora estivesse na pauta da reunião desta segunda-feira, o presidente do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional, Murillo Aragão, desistiu de colocá-lo em debate. “Chegamos bem no início da reunião, junto a outras entidades da sociedade civil interessadas na temática, e conseguimos o adiamento da discussão por 30 dias. Até lá, teremos tempo para que outras partes interessadas na discussão sobre as fake news possam trazer a sua contribuição”, finalizou Bia.
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