Até agora, 33 mandados de busca e apreensão e a prisão de quatro pessoas, incluindo 16 integrantes da alta cúpula militar, foram cumpridos pela Polícia Federal (PF). Todos são apontados como integrantes de uma organização criminosa para manter o ex-presidente no poder, concretizando um golpe de Estado. Entre os alvos da operação estava o próprio Jair Bolsonaro, que entregou seu passaporte para a PF.

A decisão que autorizou a operação foi proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que afirmou que Bolsonaro teve acesso e solicitou modificações em uma minuta de decreto para executar um golpe de Estado. Essa minuta incluía a decretação de prisão de diversas autoridades, como o próprio Moraes, o ministro Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

De acordo com as informações levantadas pelas investigações, a minuta foi elaborada pelo ex-assessor Filipe Martins e pelo advogado Amauri Feres Saad, sendo posteriormente modificada a pedido de Bolsonaro, mantendo-se a determinação de prisão de Moraes e a realização de novas eleições.

Coordenação financeira

Três militares até então pouco citados foram alvo de mandados de prisão. O major Rafael Martins de Oliveira teria coordenado a ida de manifestantes para locais como o STF e o Congresso, além de ser responsável pela coordenação financeira e operacional dos atos antidemocráticos. O coronel Bernardo Romão Correia Neto teria organizado uma reunião com militares para planejar o uso de técnicas militares contra o Estado brasileiro. Já o coronel Marcelo Costa Câmara teria liderado um núcleo de inteligência não oficial de Bolsonaro, coletando informações sensíveis e estratégicas.

Mensagens trocadas entre o coronel Marcelo Câmara e o tenente-coronel Mauro Cid indicam que os dois estavam monitorando o ministro Alexandre de Moraes com a intenção de prendê-lo para tentar dar um golpe de Estado. O plano, segundo as investigações, era executar a prisão de Moraes em dezembro de 2022.

Além disso, mensagens encontradas nos celulares dos investigados mostram que ao menos seis oficiais-generais das Forças Armadas discutiram com Bolsonaro a edição de um decreto golpista contra a eleição de Lula. Os oficiais-generais citados incluem nomes como o general Braga Netto, o general Estevam Theophilo e o almirante Almir Garnier.

Outras mensagens revelam que Braga Netto teria chamado o então comandante do Exército, Marco Antônio Freire Gomes, de “cagão” por não aderir à tentativa de golpe, e incentivado críticas ao então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior.

Durante uma reunião ministerial em julho de 2022, Bolsonaro e seus auxiliares discutiram cenários golpistas, com o ex-presidente afirmando que entraria em campo usando seu “exército” de ministros. O general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), declarou que qualquer ação precisaria ser tomada antes das eleições.

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