PF apreende celular de chefe do setor de presentes da Presidência sob Bolsonaro
Marcelo da Silva Vieira, chefe de Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República, foi alvo de busca e apreensão no caso da joias sauditas de Bolsonaro
Nesta sexta-feira (12), a Polícia Federal (PF) realizou buscas na residência de Marcelo da Silva Vieira, que chefiou o Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL). As buscas foram realizadas no Rio de Janeiro e resultaram na apreensão do celular de Vieira.
O Ministério Público Federal (MPF) encontrou indícios que apontam crime de peculato cometido pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias sauditas.
Em um depoimento prestado à PF no mês anterior, Vieira havia afirmado que Bolsonaro participou de um telefonema sobre um ofício enviado pelo tenente-coronel Mauro Cid para tentar recuperar as joias sauditas que foram apreendidas pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. O depoimento de Vieira foi feito em meio a uma investigação sobre o caso das joias sauditas.
De acordo com a TV Globo, Vieira prometeu entregar seu celular para perícia, mas não o fez, alegando que estava atrasado para pegar um voo. A PF aceitou a justificativa na ocasião, mas depois pediu a apreensão do aparelho. A Justiça de Guarulhos negou o pedido, mas o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) autorizou e expediu o mandado.
Durante seu depoimento, Vieira contou que, em dezembro de 2022, Mauro Cid pediu que ele assinasse um ofício que seria enviado à Receita Federal solicitando a incorporação dos bens apreendidos pela Presidência. As tratativas foram feitas por meio de mensagens pelo WhatsApp, e não por vias oficiais.
Vieira se recusou a assinar o ofício, e os dois conversaram por telefone sobre o assunto. Durante a conversa, Vieira contou à PF que explicou ao presidente Bolsonaro as razões de sua recusa, e que o presidente teria dito apenas “Ok, obrigado”.
Vieira trabalhava como chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica (GADH), cuja função era revisar o que poderia ser aceito como presente para o acervo privado presidencial ou não. Ele ocupou o cargo desde 2017, quando Michel Temer era presidente, e foi exonerado em janeiro de 2023, quando Lula assumiu a presidência.
Segundo o ex-funcionário, em outubro de 2021, ele recebeu um contato do Ministério das Minas e Energia informando que o ex-titular Bento Albuquerque havia recebido um presente de autoridade estrangeira para “ser entregue ao presidente da República”.