Quem sabe faz a hora
É urgente a manifestação da sociedade, dos partidos, das forças democráticas e da sociedade organizada.
O Brasil está acompanhando essa crise entre Bolsonaro e seguidores contra o STF.
Essa crise não pode ser considerada um simples atrito momentâneo e dentro do padrão de normalidade da relação entre os poderes.
As declarações e hostilidades de Bolsonaro e apoiadores deixam claro que se trata de uma tentativa de criar no país um ambiente propício a um golpe branco e um processo de domesticação das instâncias superiores da justiça brasileira.
Bolsonaro está se enfraquecendo e perdendo apoio na sociedade e ficando muito exposto e tudo caminha para uma inviabilização política desse governo.
Para poder estancar a sangria e manter as condições de continuar governando, Bolsonaro e seus acólitos estão buscando a cumplicidade das instâncias superiores do judiciário para encobrir os processos de corrupção, a irresponsabilidade diante da pandemia e o agravamento da crise econômica, social e sanitária que o país está vivendo neste momento. Querem neutralizar todo o judiciário, a exemplo do MPF, incapaz hoje de ter uma atitude digna.
Essa crise não pode ser encarada como uma simples “briga de branco”, usando a expressão popular na Bahia, porque ela terá sérias repercussões no desdobramento da atual conjuntura. Toda a sociedade será afetada se Bolsonaro for bem sucedido.
Sem perder de vista que a cúpula do judiciário teve um comportamento errático e uma participação ativa no processo golpista que o país está vivendo.
A gravidade da crise impõe uma manifestação dos segmentos democráticos da sociedade contra essa ofensiva da extrema direita contra os tribunais, a transparência e as normas democráticas. Os juízes não parecem ter capacidade para enfrentar essa pressão sozinhos e essa ofensiva está só começando. Nas próximas semanas tenderá a se intensificar, com a possibilidade de participação de setores das forças armadas e, brevemente, teremos também manifestações de segmentos como caminhoneiros contra a ordem jurídica.
É urgente a manifestação da sociedade, dos partidos, das forças democráticas e da sociedade organizada.
Tudo nessa ofensiva pode não passar de um blefe. Mas, não vale à pena pagar para ver.
E assumir uma posição firme, fortalece e politiza a sociedade, impede que cúmplices, até hoje, deste golpe em marcha no Brasil assumam a liderança do país e uma posição firme da sociedade ajuda a isolar os golpistas e a extrema direita.