Por que não ele?
Em nova coluna à Mídia NINJA, Daniel Zen, deputado estadual eleito no Estado do Acre, declara voto pela democracia e esmiuça o fascismo nas propostas de Jair Bolsonaro.
Muita gente me questionando, nos comentários das postagens e no pv, por que adotei uma postura republicana, com relação ao resultado das eleições aqui no Acre; e por que insisto em prosseguir combatendo, de forma tão veemente e contundente, nosso adversário no plano nacional.
Explico: em minha vivência no parlamento, aprendi que temos de saber respeitar as posições divergentes e conviver com as diferenças. Por outro lado, reforcei ainda mais a minha convicção de que não dá pra tolerar posições machistas, racistas, homofóbicas, misóginas e anti-democráticas. Como já dissera o Luiz Fernando Veríssimo, em um texto que todos deveriam ler, “o fascismo não se discute, se combate”.
Também me convenci ainda mais que não dá pra abrir mão de direitos sociais. É um absurdo querer alterar a tabela do imposto de renda, de forma que os pobres passem a pagar mais e os ricos passem a pagar menos impostos (a menos que fosse o contrário). Não dá pra aceitar a extinção do 13° salário, do 1/3 de férias, a volta da CPMF…
Além de todos os impropérios e absurdos que saem da boca do candidato contra negros, índios, mulheres, homossexuais; e de todas as suas ideias cruéis com relação a economia, tem a estratégia suja, da qual ele se utiliza, de elaborar e difundir fake news sobre seus adversários, utilizando algoritmos para espalhar tais notícias para aquelas pessoas que, pelos dados e informações constantes em seus perfis nas redes sociais, têm maior propensão a acreditar em tais mentiras. Isso é jogo sujo, é corrupção. A corrupção que ele diz combater e que ele pratica e praticou, quando lavou dinheiro de doação da JBS para sua última campanha a deputado federal, por intermédio do partido, para parecer que a “doação” era “legalizada”.
Tem várias outras coisas: o desprezo pelos valores e princípios democráticos, a apologia a tortura, torturadores, ditadura e ditadores; sua atuação parlamentar medíocre (apenas 2 projetos de lei de sua autoria aprovados em quase 28 anos de mandato de deputado federal)…
E, o principal: o voto dele contrário a PEC que garantiu o direito ao FGTS e INSS das empregadas domésticas; assim como o voto dele a favor da PEC que congelou investimentos na Educação por 20 anos; e o voto a favor da reforma trabalhista, que retirou direitos da classe trabalhadora. Ou seja: além de não produzir nada de bom em termos legislativos, de autoria própria, ainda votou sempre contra os interesses do povo, nos projetos de lei de autoria do Governo Federal.
Todo mundo que me conhece sabe que sou petista e que minha trincheira de atuação política está localizada no campo do progressismo de esquerda. E antes que alguém me mande pra Venezuela, pra Cuba ou Coreia do Norte, vou logo dizendo que não sou comunista, socialista, chavista, castrista nem bolivariano. Não compactuo com nenhum regime ditatorial, seja de direita ou de esquerda. Repito: sou um social-democrata de esquerda e progressista.
Por fim, eu diria o seguinte: minha família sofreu muito na mão de gente como ele, durante a Ditadura Militar, dentre eles o meu tio-avô e ex-Senador da República, Mário Maia (MDB/PDT/PMDB); assim como meu tio, Everaldo Maia (MR-8/PMDB), dois políticos honrados e honestos, sem nenhuma nódoa em suas vidas públicas.
Nessas eleições, sou Haddad, por convicção de que é o melhor e mais preparado para governar nosso país. Mas, votaria no Ciro e no Boulos com muito gosto. E, confesso a vocês: votaria na Marina, no Meirelles, no Amoedo, no Álvaro Dias e até no Alckmin, se necessário fosse, para evitar a tragédia anunciada que pode ser o governo de um cabra desses, caso ele venha a ganhar as eleições.