Palavras soltas ao vento
O tema do combate à corrupção tem dominado o noticiário com muita intensidade desde que a Operação Lava-Jato foi alçada ao posto de instituição e os seus membros ao posto de heróis. Em que pese os acertos de tal operação, ela também está recheada de erros e abusos, os quais têm vindo à tona nos últimos meses.
O tema do combate à corrupção tem dominado o noticiário e o imaginário público com muita intensidade, desde que a Operação Lava-Jato foi alçada ao posto de instituição e os seus membros ao posto de heróis. Em que pese os acertos de tal operação, ela também está recheada de erros e abusos, os quais têm vindo à tona nos últimos meses. O mantra por eles entoado de que “ninguém está acima da lei” está tendo de se aplicar a eles mesmos.
Não nego que membros de meu partido tenham cometido erros e que, por eles, tenham de responder – e pagar. Mas, o sentimento de criminalização da política, de satanização do ideário de esquerda e, sobretudo, de demonização do Partido dos Trabalhadores não pode ser considerado mera consequência dos atos por alguns praticados ou simples efeito colateral do combate à corrupção. Digo isso por dois motivos: primeiro, porque ambos os processos movidos contra Lula, pelos quais fora condenado, são absolutamente fraudulentos. E segundo porque, de todos os partidos políticos, o dos Trabalhadores foi o que menos teve políticos envolvidos no chamado Petrolão: apenas 4, contra 40 do PROGRESSISTAS, partido do senador Ciro Nogueira e do governador Gladson Cameli.
Com toda a certeza do mundo, o principal erro do PT foi, em nome da governabilidade, aceitar indicações destes partidos para cargos estratégicos, como aqueles cargos ocupados por Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, ambos do PROGRESSISTAS e, não por acaso, os dois principais “operadores” do Petrolão. Sendo assim, afirmo que a tal demonização das esquerdas era um dos propósitos, dos objetivos em si mesmos da turma da Lava-Jato. Do contrário, políticos de outros partidos teriam sido denunciados a um só tempo e não com anos de atraso, como está ocorrendo agora com figuras como José Serra (PSDB). Ademais, os fatos que se sucederam às espetaculosas prisões e conduções coercitivas comprovam isso: a assunção do conhecido ex-juiz ao posto de ministro da Justiça, seguida de seu pedido de demissão e do ensaio precoce de uma pré-candidatura à presidência da República em 2022 demonstram que havia – e ainda há – muitos outros interesses por detrás de tudo: a sanha desmedida pelo poder.
Aqui no Acre, não poderia ser diferente. A onda conservadora e de ojeriza, de repulsa ao campo do pensamento de esquerda ajudou a construir o resultado eleitoral de 2018. Digo isso porque tenho sido perguntado, com frequência, sobre o que penso sobre o combate à corrupção; se acho que a situação em que se encontra o meu partido perante o imaginário coletivo influenciará no resultado eleitoral de 2020; e se acho que isso pode prejudicar a minha pré-campanha. Na condição de deputado estadual eleito pelo povo do meu Estado e de pré-candidato à Prefeitura Municipal de Rio Branco nas eleições de 2020, digo e reafirmo, para quem quiser ouvir ou ler, o que segue:
Entrei no serviço público no ano de 2002 e sou filiado ao Partido dos Trabalhadores desde o ano de 2008. Sou servidor público de carreira, concursado. Mas, devo muito do que sou e do que já pude fazer em prol do povo do Acre às lideranças do meu partido e da antiga Frente Popular, que me confiaram importantes missões públicas. Em meus 14 anos ocupando cargos ou funções de destaque, ora na Administração, ora no Parlamento, nunca estive envolvido em um único caso de corrupção.
Ocupei o meu primeiro cargo como ordenador de despesas em um governo aos 26 anos. Embora muito jovem, já tinha uma boa formação acadêmica, mas pouca experiência prática em gestão pública. Como era de se esperar, cometi equívocos e, por isso, sofri ressalvas em prestações de contas perante o TCE. Em todas essas ocasiões pude provar, com dados, documentos e informações complementares que todos os supostos erros que havia cometido não passavam de simples falhas, todas elas sanáveis, corrigidas a tempo e a hora: graças a Deus, nunca incorri em má-fé, má-versação de recursos públicos, prejuízo ou dano ao erário. Jamais me locupletei ou pratiquei desvio de finalidade no trato com a coisa pública.
Acredito, sinceramente que, na política, a honestidade é fundamental. Mais do que uma qualidade, ela é um pré-requisito. Mas, honestidade, sozinha, não é suficiente. Não basta não roubar ou mesmo combater a corrupção. Além disso, é preciso ser capaz de fazer o que se está propondo. Sem competência e capacidade de realizar bons programas e bons projetos, os discursos de honestidade se esvaziam: viram meras palavras soltas ao vento. Conhecimento técnico, experiência de gestão, coragem e vontade política para fazer contam – e muito!
E é nesse sentido que me coloco para o debate. Não como um paladino da justiça, um arauto da moralidade, um vestal da honestidade, uma palmatória do mundo ou chicote do povo. Mas, como alguém que, mesmo errando, sempre procurou acertar e que já provou – na prática, e não somente no discurso – que soube administrar um orçamento que é o dobro do orçamento da prefeitura de Rio Branco sem um único caso de desvio sequer.