Para aqueles que insistiram a vida toda no fracasso do modelo de economia controlada, para aqueles que garantiram com veemência que o capitalismo era a única fórmula socioeconômica para o desenvolvimento das nações que atravessaram a Guerra Fria (e para as que surgiram após ela), o presente chinês é um revés que marca bochechas em um nível impossível de ocultar. A China é um soco na cara da narrativa neoliberal imposta no ocidente durante os anos noventa. Narrativa responsável pela queda econômica de todos os países da América do Sul, pelas crises de emprego, moradia, miséria e desigualdade. Pela destruição das estruturas estatais no âmbito da saúde, energia e transporte.

O Neoliberalismo tem a responsabilidade absoluta pela perda de poder do cidadão diante das mega corporações surgidas do canibalismo da atividade privada e a passividade, a covardia ou a falta de força das políticas progressistas para evitar a catástrofe anunciada pelos movimentos sociais durante toda a década dos 70 e 80. Com a bandeira infatigável de que “na área da telefonia e telecomunicação, as privatizações deram certo”, os neoliberais entregaram o cidadão aos abusos diários provocados pelos bancos, as empresas de telecomunicações (megacorporações que são verdadeiras gangues que assaltam o bolso do consumidor), as corporações do jornalismo (que cria realidades paralelas onde a desigualdade social não existe ou está justificada meramente pela imperícia política), as mega redes de supermercados (verdadeiros abusadores do trabalhador e do consumidor) e praticamente toda a área da atividade privada corporativa e monopólica. 

A China mostra o exemplo de que a política é a única salvação do cidadão. Podem chamar o modelo como quiserem: Socialismo, comunismo, capitalismo controlado… o que importa no fim das contas, é que na China, o papel controlador e decididor do estado não se discute de modo algum, e que seu conceito (o conceito oficial do estado) está firmemente sustentado pela união das vontades populares, a união de um povo consciente do seu lugar de comunidade, onde todo mundo vale igual na hora de tomar uma decisão. O refúgio que a política de defesa dos interesses populares (em matéria econômica pelo menos) encontrou em um mundo que era colonizado mais uma vez pelas metrópoles do norte.

Mas a gigante do oriente não se contentou com seu lugar de resistência. Nos últimos dez anos, a China se consolidou como uma potência tecnológica global, com avanços impressionantes em diversas áreas que transformaram a economia, a sociedade e o panorama tecnológico mundial. Desde a inteligência artificial até o 5G, a nação asiática não apenas acompanhou as tendências globais, mas muitas vezes liderou a corrida tecnológica.

Inteligência Artificial e Big Data

A inteligência artificial (IA) tem sido uma área de destaque, com a China investindo pesadamente em pesquisa e desenvolvimento. Empresas como Baidu, Alibaba e Tencent estão na vanguarda da IA, desenvolvendo tecnologias que vão desde reconhecimento facial até veículos autônomos. O governo chinês também lançou o Plano de Desenvolvimento da Inteligência Artificial, que visa tornar o país líder mundial em IA até 2030.

Tecnologia 5G

Outro campo em que a China tem se destacado é o desenvolvimento e implementação da tecnologia 5G. Empresas como Huawei e ZTE têm sido líderes globais na fabricação e fornecimento de infraestrutura 5G, permitindo velocidades de internet móvel sem precedentes e abrindo caminho para inovações em áreas como a Internet das Coisas (IoT), cidades inteligentes e veículos autônomos.

Comércio Eletrônico e Fintech

O comércio eletrônico na China cresceu exponencialmente na última década, com plataformas como Alibaba e JD.com revolucionando a maneira como os chineses compram e vendem produtos. Além disso, o setor de fintech explodiu, com o Alipay e o WeChat Pay se tornando métodos de pagamento predominantes, facilitando transações rápidas e seguras.

Exploração Espacial

A China também fez avanços significativos na exploração espacial. O programa espacial chinês lançou missões históricas, como o pouso da sonda Chang’e 4 no lado oculto da lua e o envio da sonda Tianwen-1 a Marte. Esses feitos colocam a China como uma das principais nações na corrida espacial do século XXI.

Veículos Elétricos

A indústria de veículos elétricos (EV) na China experimentou um crescimento meteórico, com empresas como BYD, NIO e Xpeng Motors liderando o mercado. O apoio governamental, na forma de subsídios e incentivos fiscais, tem sido crucial para impulsionar a produção e adoção de EVs, posicionando a China como o maior mercado de veículos elétricos do mundo.

Educação e Pesquisa

Investimentos massivos em educação e pesquisa científica têm sido fundamentais para os avanços tecnológicos da China. Universidades e instituições de pesquisa chinesas estão cada vez mais colaborando com empresas privadas e governos estrangeiros, contribuindo para a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias.

Desafios e Oportunidades

Apesar dos avanços, a China enfrenta desafios significativos, incluindo questões de propriedade intelectual, regulamentações governamentais rigorosas e tensões geopolíticas. No entanto, as oportunidades para inovação e crescimento continuam a ser vastas, com o país se posicionando como um líder tecnológico global.

Em resumo, a última década testemunhou que a China emergiu como um gigante tecnológico, cujos avanços estão moldando o futuro de várias indústrias e impactando a vida de bilhões de pessoas ao redor do mundo. Com um foco contínuo em inovação e desenvolvimento, a próxima década promete ainda mais conquistas e transformações. O futuro que esperamos no ocidente, chegou na China há um tempo atrás, e até agora, ficou por lá.

Enquanto no Brasil, a direita coloca todos seus esforços em debater se uma mulher trans tem direito de entrar em um banheiro feminino (porque são incapazes de discutir assunto algum que tenha a ver com a vida de um povo de maneira séria) a China se consolida como o modelo do futuro, ainda quando o gigante oriental deve muito a debates como direitos individuais e de de igualdade de gênero. Porém, a discussão sobre modelos econômicos está praticamente finalizada, assinada em hanzi e esperando o nascimento futuro, de um novo futuro para os que ainda vivemos num presente podre de passado.