O Bolsonaro é o capitão do Trump
O atual Presidente da República comporta-se como um verdadeiro capitão do mato, violento com os negros e pobres e um puxa-saco com seus senhores.
O capitão do mato tinha a função de capturar os negros escravizados que buscavam a liberdade, chamados de “fugitivos” e era uma figura imprescindível para a sustentação do regime escravocrata, estruturado na monocultura exportadora, mão de obra escrava e no latifúndio. Os capitães do mato eram homens livres pobres ou escravos libertos, que ocupavam um posto de menor prestígio no aparato estatal. Eram úteis à repressão por conhecerem as rotas de fuga, de modo que recebiam armamentos e recompensas dos senhores de engenho e fazendeiros para capturar os escravos e destruir os quilombos.
Quando a Coroa Portuguesa chegou ao Brasil, em 1808, fugindo do Napoleão, encontrou uma cidade de maioria negra. O Rio de Janeiro recebeu a maior população escravizada do mundo. Com seus 15 mil fugitivos, a Coroa trouxe bibliotecas e cartórios, dentre os quais a Intendência de Polícia e ainda tratou logo de criar a Guarda Real. Grande número de capitães do mato foram integrar essas forças policiais e militares.
O atual Presidente da República foi aposentado como capitão. Aqui, se apresenta como um homem que resolve tudo na base da bala e da disciplina e tem como símbolo dois dedos apontados como uma arma. Entretanto, na esfera internacional, não disfarça seu sabujismo. Não mede esforços para bajular o Trump e os Estados Unidos, a que constantemente se refere como “uma nação amiga”. Comporta-se como um verdadeiro capitão do mato, violento com os negros e pobres e um puxa-saco com seus senhores.
Ele alcançou ao ápice do mito deste país como quintal norte-americano ao dizer que vai nomear seu filho embaixador do Brasil nos Estados Unidos. De forma transversa, nos faz recordar Dom João VI, quando retornou a Portugal em 1821, deixando aqui seu filho Pedrito. Hoje, em 2019, é Bolsonaro que fica na colônia e manda seu filho Eduardito para a metrópole.
Como um papagaio de imitação, repete a célebre frase do militar Juraci Magalhães, embaixador do Brasil em Washington na ditadura militar: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Creio que muitos maconheiros – pasmem! – que votaram no Bolsonaro pensaram que agora a maconha seria legalizada no Brasil como vem acontecendo nos Estados Unidos.
Ledo engano, pois seu ministro Osmar Terra não quer ver a maconha em terras brasileiras! Chegou a declarar que, se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – autorizar o plantio de maconha no Brasil, mesmo para beneficiar as multinacionais da maconha medicinal, ele vai fechar a agência!
Esse desgoverno entreguista não só ataca a Constituição e as leis, como paga pra ver e ameaça a nação com o “prendo e arrebento”. Não podemos ficar de boca aberta vendo a morte dos negros e pobres nas favelas e o desmatamento da Amazônia. Vamos às redes sociais e às ruas defender o Brasil e “verás que um filho teu não foge à luta!”
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André Barros, advogado da Marcha da Maconha, mestre em ciências penais, vice-presidente da Comissão de Direitos Sociais e Interlocução Social Popular e membro do Instituto dos Advogados Brasileiros