Se o governo cuida bem de uma estrada, ele não consegue justificar a entrega dela para a iniciativa privada. O povo se revoltaria com a cobrança de pedágio para algo que já funciona. Agora, se o Estado limita os recursos de manutenção, deixa a estrada esburacada, perigosa e suja fica mais fácil vender a ideia de concessão. É assim que Romeu Zema e os governos liberais operam. Primeiro sabotam o serviço público para depois privatizar. E essa lógica não vale apenas para os pedágios. É o mesmo roteiro aplicado à saúde, com o desmonte do Hospital Maria Amélia Lins; ao sistema prisional e socioeducativo, com as parcerias público-privadas; e ao IPSEMG, que vem sendo enfraquecido mesmo com aumento da contribuição aos servidores.

A precarização não é fruto de má gestão, é um projeto político. As propagandas do Governo de Minas e as alfinetadas do Zema nas redes sociais tentam vender uma eficiência que não se sustenta nos números. Nos dois primeiros anos deste governo, o déficit estadual cresceu mais de 40%, passando de R$ 11,4 bilhões para R$ 16,2 bilhões. Esse crescimento é consequência direta de uma política que impõe cortes e congelamentos enquanto preserva os privilégios de alguns amigos empresários, que inclusive foram homenageados com medalhas neste feriado de Tiradentes.

Atualmente o Estado está sob o Regime de Recuperação Fiscal (RRF), que impõe congelamento salarial, suspensão de concursos e venda do patrimônio público. Em contrapartida, o presidente Lula sancionou em janeiro o PROPAG — Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados, que oferece condições mais justas de negociação com possibilidade de abater parte da dívida em investimentos sociais. É uma alternativa concreta ao desmonte, mas que não agradou muito o governador que prefere cortar investimentos e negociar dívidas diretamente com bancos privados. Minas tem até o final desse ano para aderir ao PROPAG. Mas até agora, não foi enviado nenhum projeto à Assembleia Legislativa. E a lógica do desmonte segue.

No Sábado de Aleluia, Zema impôs um contingenciamento das despesas públicas. O decreto obriga todos os órgãos do governo a reverem seus orçamentos e a se adequarem em apenas dez dias. Tudo isso decidido sem escuta da sociedade, dos servidores ou do parlamento. Quando falamos em contingenciamento, precisamos falar do funcionalismo.

Recentemente, votamos na Assembleia Legislativa projetos de recomposição salarial. Foram contemplados os servidores da educação e de órgãos com autonomia orçamentária, como o Judiciário, o Ministério Público, a Defensoria, o Tribunal de Contas e a própria Assembleia. Já os profissionais da saúde, da segurança pública, do meio ambiente e de tantos outros setores estratégicos do Executivo foram ignorados. Importante ressaltar que não se trata de aumento salarial e sim recomposição inflacionária prevista na Constituição. Isso na prática significa redução do salário do servidor que Zema tanto se orgulha em dizer que está pagando em dia. O mesmo governador que aumentou seu próprio salário em 300% se nega a garantir o poder de compra de quem carrega o Estado nas costas. Minas Gerais não está quebrada. Está sendo quebrada por um projeto político que desmonta serviços públicos, entrega o patrimônio para o mercado e joga a crise nos ombros da população. Nossa mandata segue firme na denúncia e fiscalização desse modelo liberal que nos mata.