Mattis e o roubo do século
O mundo contemporâneo estabelece cada vez mais uma relação de dependência dos recursos naturais, na economia e na política, seu controle é sinônimo de poder.
O mundo contemporâneo estabelece cada vez mais uma relação de dependência dos recursos naturais, na economia e na política, seu controle é sinônimo de poder. Nesta abordagem, se torna imprescindível as fontes de petróleo e gás, insumos determinantes para mover a cadeia produtiva atual. Elaborou-se assim, a teoria intitulada de “Maldição dos Recursos Naturais”, onde se estuda as turbulências internas e externas oriunda de nações que possuem originalmente fonte destas riquezas em grande escala.
Internamente pela disputa da forma de distribuição desta renda, e externamente a ambição das potências mundiais de apropriarem destas reservas para incentivar suas economias. Caso se estes recursos como no Brasil englobem a maior floresta do mundo , o aquífero máximo do planeta , vastas terras agricultáveis , estoques fartos de minérios,um mercado de 210 milhões de pessoas e grandes companhias desvalorizadas, se fomenta uma cobiça ainda maior.
A visita do Secretário de Defesa dos Estados Unidos, James Norman Mattis, arremete sobre tudo isto. Neste conjunto de ideias ainda se apresenta o interesse sobre a base de Alcântara, que por estar próximo a Linha do Equador exige menos tempo e custos para lançamento de satélites. Na geopolítica, se apresenta o interesse de terceirizar uma invasão à Venezuela com seus 296 bilhões de barris de reserva bem como desconstruir a UNASUL. Mas o maior propósito é afastar o Brasil do seu maior parceiro comercial: China. Estes foram os pilares do objetivo do discurso estadunidense em sua visita ao país:
Os EUA e os países da América Latina, em especial o Brasil, tem uma história partilhada por proximidade geográficas e democráticas, outros não podem dizer o mesmo.Washington tem disposição de ter uma relação mais forte com o Brasil, que precisa saber a importância de escolher seus sócios. Possuímos o dever de advertir sobre a dependência tecnológica e econômica com países que não estão alinhados com nossa forma democrática de proceder.
Os Estados Unidos declararam que 2018 seria ” o ano das Américas”, procurando restabelecer o antigo controle militar e político da região. Na prática, uma advertência a influência crescente da Rússia e China no continente. A visita ao Brasil, Argentina, Chile e Colômbia visou acelerar o desmantelamento das instâncias autônomas da integração regional. Nesta perspectiva, a fidelidade de governos de direitas no hemisfério sul garante o comando aos anglo-americanos.
James Mattis é conhecido também como “cachorro louco” pelo seu poder e modo de matar, um representante da indústria bélica e seus interesses violentos. Em 1991 comandou a Guerra do Golfo, em 2002 a invasão ao Afeganistão e no ano posterior a do Iraque. Foi nesta última chefia ao aniquilar grupos sunitas e xiitas, que profetizou a sua frase histórica:” Se me incomodarem, matarei todos eles”. O resultado foi a eliminação comunidades inteiras, no caso iraquiano , passados 15 anos ainda se tenta reconstruir seu Estado depois da destruição e o saque promovido pelo governo estadunidense.
Aparentemente James Mattis , ao discursar na Escola Superior de Guerra, poderia parecer estar discorrendo sobre estratégia e segurança, mas na verdade procura aprofundar o maior roubo do século. Assim como realizou no Iraque, desta vez no Brasil, apossaram-se de poços de petróleo,absorveram a Embraer,enquanto ambicionam o Centro de Lançamento de Alcântara e o Aquífero Guarani. Na incapacidade de competir com a China numa globalização que eles mesmos criaram,retornam a colonização de “Nuestra America”, reforçando mais um ciclo de acumulação do seu capitalismo em detrimento do futuro dos latinos.