Lista de detratores para quê?
É estarrecedor a lista de detratores produzida pelo Governo a cargo de uma empresa de Comunicação terceirizada. Mais de 100 pessoas constam no documento que mais parece um relatório do SNI da brutal década de 70 do que um mero clipping jornalístico doméstico.
É estarrecedor a lista de detratores produzida pelo Governo a cargo de uma empresa de Comunicação terceirizada, conforme revelado na última semana. Entre parlamentares de oposição, passando por influenciadores digitais e jornalistas, mais de 100 pessoas constam no documento que mais parece um relatório do SNI da brutal década de 70 do que um mero clipping jornalístico doméstico.
O valor do negócio, segundo o contrato público, é aparentemente baixo: R$ 36 mil, dentro de um montante de R$ 2,7 milhões. Mas as sombras da dúvida que pairam sob seu valor de função são incalculáveis. Para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, se interessaria numa lista que dita quem critica ou não o Governo? Talvez a resposta esteja no que ocorreu nas últimas semanas. Afinal, o bolsonarismo não dorme quando o assunto é perseguir e difamar seus opositores com as mais variáveis e criminosas fake news.
Em menos de 24 horas que um dos “detratores”, o economista Eduardo Moreira, se movimentou para denunciar a listagem em suas redes, mensagens anônimas contra sua família começaram a surgir. Seus pais chegaram a receber pedido de dinheiro e assédio moral. Como se sabe, Eduardo é um dos nomes mais fortes contra o desmonte previdenciário de Guedes e sua turma extremista.
Num passado não tão distante, outro “detrator”, o blogueiro Felipe Neto, teve seu nome alinhado à pedofilia através de uma chuva digital orquestrada pelo conhecido “Gabinete do Ódio”. O influenciador, que critica diariamente o Governo – e corretamente – precisou ir ao Jornal Nacional, da TV Globo, fazer o contraponto público.
Sabemos como o bolsonarismo age no submundo digital. Sem escrúpulos ou honestidade alguma com os fatos, espalham fake news mirando seus adversários. E essa lista pode ser parte, sim, desse modus operandi bolsonarista.
A integridade física e moral dos relacionados e suas famílias estão ameaçados em movimentos como esse. E pior, amparados pelo Estado brasileiro. É por isso que começamos a coletar assinaturas para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara dos Deputados que investigue os envolvidos e descubra até onde essa lista permitiu ir. A mando de quem? E quem teve acesso? E por que? Há muito o que se descobrir.
Não se pode cruzar os braços diante de qualquer evidência de rasgo democrático. Como se sabe, esse Governo está sujeito a tudo quando o assunto é destruir nosso futuro e todos aqueles que o tentam impedir. CPI JÁ!